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VESTIBULAR
Segundo especialistas, antes de tentar ajudar, família deve ouvir o que candidato quer; primeira fase é amanhã
Em dia de Fuvest, pai deve servir de "cabide"
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Sou meio bravinha. Achei que
neste ano iria brigar muito com
meus pais por causa da tensão.
Mas eles foram tranqüilos e fizeram de tudo para evitar isso."
Para psicólogos que acompanham jovens em época de vestibular, os pais de Mayra Marques
de Oliveira Ramos, 18, são um
bom exemplo para aqueles que
pretendem acalmar os filhos que
vão prestar Fuvest amanhã.
Os especialistas concordam em
um ponto: este é o momento de
não impor nada aos vestibulandos. Antes de tentar ajudar, é preciso ouvir o que o aluno quer.
"O pai precisa ser um cabide,
onde o filho possa colocar sua insegurança e seu medo", afirma a
psicóloga Maria José Gimenez,
que é coordenadora do núcleo de
apoio ao aluno do colégio Stockler. "Não é hora de sermão."
Segundo ela, os alunos estão
"esgotados" e é normal eles tentarem descarregar a tensão nos pais.
A psicóloga afirma também que
frases como "você está nervoso
agora porque não estudou" têm
de ser evitadas. Foi o que fez a
mãe de Mayra, a professora
Elyanna Marques de Oliveira Ramos, 46. "Algumas vezes via que
ela passava quase uma semana
sem estudar, e eu não falava nada.
Sei que ela precisava de um pouco
de descanso."
Cobrança
Para a psicóloga e colunista da
Folha Rosely Sayão, outro tipo de
frase que pode atrapalhar é "você
vai passar". "O aluno tem de ter os
pés na realidade. Não necessariamente ele será aprovado", diz.
Já a psicóloga e professora da
USP Yvette Piha Lehman aponta
outro problema: "O jovem pode
entender como uma cobrança".
Ela afirma que a frase ideal de incentivo é "sei que você vai dar o
melhor de si".
Lehman sugere ainda que os
pais dêem liberdade aos filhos
nestas horas que antecedem à
prova. "Se ele quiser ficar sozinho
ou conversar, o pai tem de atender", afirma. Segundo a professora, aceitar o que o filho fala "às vezes é difícil, porque, no vestibular,
é a primeira vez que os pais são
passivos, e os filhos, ativos na relação familiar".
Até mesmo a questão de os pais
levarem ou não os filhos ao local
de exame deve ser decisão do estudante, aponta a psicoterapeuta
Daniela Zanuncini. "É preciso ver
como o filho se sente mais confortável", diz.
Uma hora de antecedência
A Fuvest recomenda que o aluno conheça o trajeto até o local de
prova antes do dia do exame. Para
Lehman, professora da USP, isso
pode diminuir um pouco a tensão
do vestibulando. "É uma coisa a
menos para ele se preocupar."
A prova começa às 13h. Outra
sugestão da organização do exame é que o candidato chegue com
uma hora de antecedência. Os
portões serão abertos às 12h30. A
permanência mínima é de três
horas, e a máxima, de cinco.
No total, 154.514 candidatos se
inscreveram, número 2,1% inferior ao vestibular do ano passado.
São oferecidas 9.947 vagas, que
estão distribuídas pela USP, pela
Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo e pela
Academia de Polícia Militar do
Barro Branco. A lista de aprovados para a segunda fase, que começa em 9 de janeiro, será divulgada no dia 17 de dezembro.
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