São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2004

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VESTIBULAR

Segundo especialistas, antes de tentar ajudar, família deve ouvir o que candidato quer; primeira fase é amanhã

Em dia de Fuvest, pai deve servir de "cabide"

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sou meio bravinha. Achei que neste ano iria brigar muito com meus pais por causa da tensão. Mas eles foram tranqüilos e fizeram de tudo para evitar isso."
Para psicólogos que acompanham jovens em época de vestibular, os pais de Mayra Marques de Oliveira Ramos, 18, são um bom exemplo para aqueles que pretendem acalmar os filhos que vão prestar Fuvest amanhã.
Os especialistas concordam em um ponto: este é o momento de não impor nada aos vestibulandos. Antes de tentar ajudar, é preciso ouvir o que o aluno quer.
"O pai precisa ser um cabide, onde o filho possa colocar sua insegurança e seu medo", afirma a psicóloga Maria José Gimenez, que é coordenadora do núcleo de apoio ao aluno do colégio Stockler. "Não é hora de sermão."
Segundo ela, os alunos estão "esgotados" e é normal eles tentarem descarregar a tensão nos pais.
A psicóloga afirma também que frases como "você está nervoso agora porque não estudou" têm de ser evitadas. Foi o que fez a mãe de Mayra, a professora Elyanna Marques de Oliveira Ramos, 46. "Algumas vezes via que ela passava quase uma semana sem estudar, e eu não falava nada. Sei que ela precisava de um pouco de descanso."

Cobrança
Para a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão, outro tipo de frase que pode atrapalhar é "você vai passar". "O aluno tem de ter os pés na realidade. Não necessariamente ele será aprovado", diz.
Já a psicóloga e professora da USP Yvette Piha Lehman aponta outro problema: "O jovem pode entender como uma cobrança". Ela afirma que a frase ideal de incentivo é "sei que você vai dar o melhor de si".
Lehman sugere ainda que os pais dêem liberdade aos filhos nestas horas que antecedem à prova. "Se ele quiser ficar sozinho ou conversar, o pai tem de atender", afirma. Segundo a professora, aceitar o que o filho fala "às vezes é difícil, porque, no vestibular, é a primeira vez que os pais são passivos, e os filhos, ativos na relação familiar".
Até mesmo a questão de os pais levarem ou não os filhos ao local de exame deve ser decisão do estudante, aponta a psicoterapeuta Daniela Zanuncini. "É preciso ver como o filho se sente mais confortável", diz.

Uma hora de antecedência
A Fuvest recomenda que o aluno conheça o trajeto até o local de prova antes do dia do exame. Para Lehman, professora da USP, isso pode diminuir um pouco a tensão do vestibulando. "É uma coisa a menos para ele se preocupar."
A prova começa às 13h. Outra sugestão da organização do exame é que o candidato chegue com uma hora de antecedência. Os portões serão abertos às 12h30. A permanência mínima é de três horas, e a máxima, de cinco.
No total, 154.514 candidatos se inscreveram, número 2,1% inferior ao vestibular do ano passado. São oferecidas 9.947 vagas, que estão distribuídas pela USP, pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco. A lista de aprovados para a segunda fase, que começa em 9 de janeiro, será divulgada no dia 17 de dezembro.

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