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ANÁLISE
O plano original da Cidade Universitária
PAULO BRUNA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O plano original da Cidade
Universitária Armando de Salles Oliveira previa um "core"
central, isto é, um centro cívico,
que reuniria ao seu redor o setor administrativo, com a reitoria, o auditório, a Biblioteca
Central, museus, habitações para estudantes e o centro social.
O edifício que hoje conhecemos como Reitoria Velha foi
projetado pelo engenheiro Ernesto de Souza Campos em
1949, com oito pavimentos.
Com pouca profundidade e
muitos corredores, não era um
edifício eficiente e, como escreveu Miguel Reale, "destoava das
linhas arquitetônicas modernas
dos demais edifícios".
Coube ao reitor Ernesto Leme transferir a reitoria da rua
Helvécia para o campus. O centro social projetado pelos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira Cesar em 1962 seria um
equipamento estratégico para
que não se perdesse a urbanidade da vida universitária com a
transferência para o então longínquo campus do Butantã.
Desse belo projeto foi construída, em outra posição, apenas a torre do relógio. Dessa
época é o projeto dos alojamentos estudantis, obra do arquiteto Eduardo Kneese de Mello.
O "core" permaneceu um terreno vazio até recentemente,
quando foi ajardinado. Em
1964, dois edifícios do conjunto
de habitações foram demolidos
para dar lugar a uma avenida
monumental centrada na reitora, que perdeu suas funções,
tendo o reitor transferido a administração para o atual conjunto de anexos térreos.
O novo reitor da USP, João
Grandino Rodas, pretende com
seu gesto retornar ao projeto
original, dando um elevado valor simbólico ao prédio da reitoria. Além de reformá-lo, seria
extremamente prudente que o
centro social e os museus originalmente previstos também
fossem construídos, de forma a
ter novamente um "core" urbano e, ao mesmo tempo, cívico e
simbólico.
PAULO BRUNA é arquiteto e professor titular
da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo)
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