São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2004

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Desafio de SP é ser cidade coletiva, diz especialista

DA REPORTAGEM LOCAL

Construída e organizada com base em valores individuais, a cidade de São Paulo deve buscar o coletivo, seja no transporte ou no planejamento urbano, se quiser oferecer um mínimo de cidadania a seus moradores. A opinião é dos brasileiros que participaram ontem do colóquio São Paulo 450 Paris -promovido pelo Sesc (Serviço Social do Comércio) e pelas prefeituras dessas duas cidades.
O caráter individual da capital é uma herança dos bandeirantes assimilada pelos imigrantes e migrantes que aqui chegaram "com projetos de vencer [na vida], de se fazer", disse Raquel Rolnik, secretária de Programas Urbanos do Ministério das Cidades.
"Mas é preciso diferenciar indivíduo de individualismo. O que permeia a história de São Paulo são mais os interesses individualistas", afirmou Nadia Somekh, presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização).
A solução? "Pensar que territórios coletivos a cidade pode produzir", disse o professor de filosofia da PUC-SP Peter Pál Pelbart. Para Rolnik, o melhor exemplo nesse sentido é o espaço público no centro, onde é possível misturar as "cidades dentro da cidade" para que elas não virem guetos.

Paris
Os franceses presentes no evento não se atreveram a fazer diagnósticos sobre a capital paulista. Disseram, porém, que o grande dilema de Paris é não parar no tempo.
"Temos uma rede de transporte coletivo bem concebida, mas saturada em razão da evolução histórica e de mudanças econômicas", disse o vice-prefeito da capital da França, Jean-Pierre Caffet, encarregado do planejamento urbano. "A cidade não é um jogo de construção; ela é um móbile", afirmou o geógrafo Guy Burgel.
Outro problema levantado por ambos foi a iminente falência do Estado previdenciário. Não é à toa que o desemprego e as desigualdades sociais são centrais na discussão do novo "plano diretor" da capital francesa, segundo Caffet. "Temos de pensar formas de ocupação do solo que levem à eqüidade", disse Burgel, para quem as duas capitais precisam, dentro de suas realidades, inovar.
O colóquio se encerra hoje, com um debate, às 10h, sobre a criação artística na cidade. Inscrições ainda podem ser feitas no Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141) e pelo site www.sescsp.org.br.


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