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Desafio de SP é ser cidade coletiva, diz especialista
DA REPORTAGEM LOCAL
Construída e organizada
com base em valores individuais, a cidade de São Paulo deve buscar o coletivo, seja no
transporte ou no planejamento
urbano, se quiser oferecer um
mínimo de cidadania a seus
moradores. A opinião é dos
brasileiros que participaram
ontem do colóquio São Paulo
450 Paris -promovido pelo
Sesc (Serviço Social do Comércio) e pelas prefeituras dessas
duas cidades.
O caráter individual da capital é uma herança dos bandeirantes assimilada pelos imigrantes e migrantes que aqui
chegaram "com projetos de
vencer [na vida], de se fazer",
disse Raquel Rolnik, secretária
de Programas Urbanos do Ministério das Cidades.
"Mas é preciso diferenciar indivíduo de individualismo. O
que permeia a história de São
Paulo são mais os interesses individualistas", afirmou Nadia
Somekh, presidente da Emurb
(Empresa Municipal de Urbanização).
A solução? "Pensar que territórios coletivos a cidade pode
produzir", disse o professor de
filosofia da PUC-SP Peter Pál
Pelbart. Para Rolnik, o melhor
exemplo nesse sentido é o espaço público no centro, onde é
possível misturar as "cidades
dentro da cidade" para que elas
não virem guetos.
Paris
Os franceses presentes no
evento não se atreveram a fazer
diagnósticos sobre a capital
paulista. Disseram, porém, que
o grande dilema de Paris é não
parar no tempo.
"Temos uma rede de transporte coletivo bem concebida,
mas saturada em razão da evolução histórica e de mudanças
econômicas", disse o vice-prefeito da capital da França, Jean-Pierre Caffet, encarregado do
planejamento urbano. "A cidade não é um jogo de construção; ela é um móbile", afirmou
o geógrafo Guy Burgel.
Outro problema levantado
por ambos foi a iminente falência do Estado previdenciário.
Não é à toa que o desemprego e
as desigualdades sociais são
centrais na discussão do novo
"plano diretor" da capital francesa, segundo Caffet. "Temos
de pensar formas de ocupação
do solo que levem à eqüidade",
disse Burgel, para quem as
duas capitais precisam, dentro
de suas realidades, inovar.
O colóquio se encerra hoje,
com um debate, às 10h, sobre a
criação artística na cidade. Inscrições ainda podem ser feitas
no Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141) e pelo site
www.sescsp.org.br.
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