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IGREJA CATÓLICA
Tema é um dos mais polêmicos já tratados pela CNBB, que também lança a Pastoral da Sobriedade
Campanha da Fraternidade combate droga
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de hoje, em todas as
igrejas católicas do país, os padres
vão incluir em seus sermões a
questão das drogas. "Vida sim,
drogas não" é o tema deste ano da
Campanha da Fraternidade. Será,
certamente, o mais amplo debate
sobre o assunto já realizado no
país. Será também um dos temas
mais polêmicos já tratados pela
CNBB, a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil.
"A juventude está sendo destruída pelas drogas, sobretudo
pelo álcool", diz o padre Haroldo
Rahm, presidente nacional da Federação das Comunidades Terapêuticas no Brasil, que reúne mais
de 500 instituições que trabalham
com dependentes. Há dois anos,
ele encabeçou um documento
com 200 mil assinaturas pedindo
à CNBB que dedicasse a Campanha da Fraternidade ao tema.
"Mais de 60% dos crimes e prisões têm a ver com drogas e álcool", diz Rahm. No texto-base da
campanha (www.cnbb.org.br), a
CNBB aponta como objetivo
maior sensibilidade ao problema
das drogas, "às suas vítimas e às
suas consequências danosas".
A maior preocupação da campanha é a prevenção, que deve ser
feita "nas igrejas, nas escolas, nas
fábricas e nas famílias", diz o padre Rahm. Segundo ele, "a falta de
heróis e de um sentido na vida"
está por trás da corrida para as
drogas lícitas e ilícitas. Com a
campanha, a Igreja cria também a
Pastoral da Sobriedade que, a
exemplo de outras pastorais, deve
incentivar ações em todo o país.
Para a CNBB, o dependente de
drogas é uma pessoa doente que
necessita de cuidados e que merece solidariedade. Uma das recomendações é a criação, em cada
diocese, de centros para atenção e
recuperação de dependentes.
A campanha tem o mérito de
abrir a discussão para um problema que aflige milhões de famílias.
Abordar o álcool e as drogas sob
um olhar cristão é, no mínimo, reduzir o preconceito e o estigma
que pesam sobre os dependentes.
Alguns especialistas, no entanto, temem que prevaleça o tom
moralista que caracteriza muitas
posições da Igreja. "A maioria das
pessoas que usam drogas não são
dependentes que precisam de ajuda médica", diz o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grea, um grupo de estudos e prevenção de drogas do
Hospital das Clínicas.
A campanha não faz uma ligação entre os usuários e a Aids,
nem fala em "redução de danos",
política pregada pelo governo federal. Por essa política, o dependente tem direito aos serviços de
saúde, mesmo que não queira ou
não consiga deixar a droga.
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