São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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VIOLÊNCIA

Concurso de máscaras teve tiroteio e tumulto, que terminou com uma morte e ferimentos a bala em nove pessoas

Rio tem duas mortes em bailes populares

DANIELA MENDES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Duas pessoas morreram, nove foram feridas a bala e uma criança de dez anos foi pisoteada na madrugada de ontem em dois concursos tradicionais de fantasias de Clóvis nos bairros de Marechal Hermes e Bonsucesso (subúrbio do Rio). Clóvis são personagens mascarados que batem uma bola no chão para assustar as pessoas.
Na praça Marechal Hermes, às 3h, nove pessoas foram baleadas, e uma delas morreu. O cabo da Polícia Militar Marco Antônio Teixeira Gonçalves, 34, levou dois tiros e morreu no hospital Carlos Chagas, onde foi socorrido.
A mulher de Gonçalves, Dalva 7Maria dos Santos Ramalho, 31, e Alexander Bezerra Mariano, 30, atingido no abdômen, ainda estavam internados até ontem à tarde, mas não corriam risco de morrer. As outras vítimas foram liberadas na manhã de ontem.
Investigadores da 30ª DP (Delegacia de Polícia) trabalham com duas versões para o tiroteio na praça Marechal Hermes.
Algumas testemunhas afirmam que o cabo da PM tentou separar uma briga fazendo um disparo de revólver para o alto, provocando o tiroteio e um grande tumulto na praça onde acontecia o concurso.
Outra versão é de que um rapaz, que estava armado, teria mexido com a mulher do policial, também armado, embora estivesse à paisana.
O responsável pelo setor de investigações da 30ª DP, Délio Teixeira, afirmou que a polícia ainda não tem suspeitos. Segundo Teixeira, os concursos de Clóvis, habituais em quase todos os bairros do subúrbio do Rio, são sempre uma preocupação para a polícia, em virtude dos constantes incidentes que ocorrem na época dessas festas.
"A rivalidade entre os grupos que participam dos concursos é muito grande. Toda vez que se cruzam é um quebra-quebra", afirmou.
Teixeira disse que é comum membros das organizações criminosas Comando Vermelho e Terceiro Comando participarem dos bailes de Clóvis, o que aumenta a possibilidade de confusão.
Em Bonsucesso, José Leri Silvino, 17, morreu na hora após ser baleado quando saía de outro baile de Clóvis. Um amigo de Silvino, Fábio da Costa Maia, 16, foi atingido no abdômen e está internado em estado grave no Hospital Geral de Bonsucesso.
Testemunhas afirmam que os dois estavam na esquina das ruas Bonsucesso e Teixeira de Castro quando quatro homens, em um carro vermelho, passaram atirando. Segundo policiais do 22º BPM (Batalhão de Polícia Militar), as duas vítimas eram moradoras do morro do Adeus, em Ramos.
Policiais da 21ª DP investigam a versão de testemunhas de que um rapaz conhecido como Ronaldinho, do Morro do Amorim, em Manguinhos, seja o mentor do crime.

Policial
O cabo da PM (Polícia Militar) Maurício de Oliveira, 37, morreu baleado na madrugada de ontem na favela Cruzada São Sebastião, no Leblon (zona sul do Rio).
O comandante do 23º Batalhão da PM (Leblon), tenente-coronel Celso Lacerda Nogueira, informou que o cabo estava de folga.
Para Nogueira, o crime, que ocorreu por volta da 1h, deve ter sido presenciado por moradores da favela. No entanto, disse ele, ainda não foi possível localizar nenhuma testemunha.
Oliveira morreu ao chegar ao hospital Miguel Couto, na Gávea (zona sul). Ele foi atingido no braço esquerdo, e a bala chegou até o coração.



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