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RIO
Escola se destaca entre desfiles bem elaborados como os da Grande Rio e da Beija-Flor; apuração será hoje
Correta, Imperatriz fica mais perto do tri
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
A Imperatriz Leopoldinense
tem chances de chegar a um inédito tricampeonato no Carnaval
do Rio, em um ano em que houve
desfiles muito bem elaborados,
com destaque para a Grande Rio e
a Beija-Flor. Os votos dos jurados
serão conhecidos hoje à tarde.
As duas últimas fecharam os
desfiles de ontem e de anteontem,
respectivamente, apresentando-se ao amanhecer. O carnavalesco
Joãosinho Trinta havia prometido uma surpresa para marcar sua
estréia na Grande Rio e encantou
o público trazendo um homem-voador, que fez manobras sobre o
sambódromo.
O enredo falava do profeta urbano carioca Gentileza, que pregava a necessidade de maior entendimento entre as pessoas para
a evolução da sociedade. Joãosinho aproveitou o tema com fortes
contrastes de cores, dando ao
conjunto da escola a aparência de
uma pintura expressionista.
Rosa Magalhães, na Imperatriz
Leopoldinense, repetiu a fórmula
que já lhe deu o bicampeonato,
criando fantasias e adereços extremamente ricos e detalhados,
verdadeiras peças de artesanato
fino, que negam a vocação descartável dos apetrechos de Carnaval.
Porém, repetindo também as performances passadas, a Imperatriz
parece ter feito um desfile para os
jurados, ignorando o público. Este, por sua vez, não se empolgou
com a escola, apesar de o samba
em homenagem à cana-de-açúcar
ser um dos mais bonitos do ano.
A Beija-Flor, que falou sobre a
rainha negra Agotime, conseguiu
ser a primeira escola a levantar o
público nas arquibancadas, contagiando a todos com sua beleza
plástica e o entusiasmo de seus
componentes. Nos últimos dois
anos, ela perdeu para Imperatriz
por apenas meio ponto, ficando
como vice-campeã.
A Mangueira teve um desfile
quase totalmente correto, apenas
maculado por um pouco de correria das últimas alas. Como já é
tradição, ela foi a mais aplaudida,
beneficiando-se do fato de ter a
maior torcida entre o público.
O maior problema da escola é a
monotonia visual causada pelo
excesso do uso das cores verde e
rosa, em todos os tons possíveis.
O recurso, ou falta de imaginação,
justificado por serem essas as suas
cores oficiais, acaba esfriando o
desfile. A única escola que conseguiu cativar o público em um nível próximo ao da Mangueira foi a
Viradouro, de Niterói, que contou
com a criatividade de Moacyr da
Silva Pinto, o mestre Ciça, 44.
A bateria, que em 1997 havia
inovado com uma batida funk,
agora veio com uma coreografia,
criada por Ciça, em que os ritmistas se ajoelham em plena avenida,
enquanto tocam. Quando os 313
membros da bateria se levantavam, eram muito aplaudidos.
A Viradouro, que trouxe um
enredo sobre os sete pecados capitais, cometeu falhas de evolução, criando espaços vazios em
sua passagem, o que pode significar perda de pontos.
Outras duas escolas que fizeram
desfiles competitivos foram a Mocidade Independente de Padre
Miguel e o Salgueiro, mas nenhuma das duas trouxe inovações ou
apresentou destaques que possam fazer deste um dos seus melhores carnavais. Quem também
deve passar para a história do
Carnaval de 2001, além da apoteótica estréia de Joãosinho Trinta na
Grande Rio, serão a Unidos da Tijuca e a Portela.
A primeira por causa da ousadia
ao desenvolver o enredo em homenagem a Nelson Rodrigues,
apresentando um dos sambas
mais marcantes do ano. A escola
inovou ao apresentar uma comissão de frente que, a partir de uma
instigante coreografia, sintetizou
o universo rodrigueano.
Já a Portela parece que desistiu
do lado competitivo do Carnaval
-justo ela que detém 21 títulos,
sendo a maior campeã do Rio.
Com um desfile marcado pela
apatia dos seus integrantes, a escola corre o risco de ser rebaixada
para o Grupo de Acesso.
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