São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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RIO

Escola se destaca entre desfiles bem elaborados como os da Grande Rio e da Beija-Flor; apuração será hoje

Correta, Imperatriz fica mais perto do tri

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

A Imperatriz Leopoldinense tem chances de chegar a um inédito tricampeonato no Carnaval do Rio, em um ano em que houve desfiles muito bem elaborados, com destaque para a Grande Rio e a Beija-Flor. Os votos dos jurados serão conhecidos hoje à tarde.
As duas últimas fecharam os desfiles de ontem e de anteontem, respectivamente, apresentando-se ao amanhecer. O carnavalesco Joãosinho Trinta havia prometido uma surpresa para marcar sua estréia na Grande Rio e encantou o público trazendo um homem-voador, que fez manobras sobre o sambódromo.
O enredo falava do profeta urbano carioca Gentileza, que pregava a necessidade de maior entendimento entre as pessoas para a evolução da sociedade. Joãosinho aproveitou o tema com fortes contrastes de cores, dando ao conjunto da escola a aparência de uma pintura expressionista.
Rosa Magalhães, na Imperatriz Leopoldinense, repetiu a fórmula que já lhe deu o bicampeonato, criando fantasias e adereços extremamente ricos e detalhados, verdadeiras peças de artesanato fino, que negam a vocação descartável dos apetrechos de Carnaval. Porém, repetindo também as performances passadas, a Imperatriz parece ter feito um desfile para os jurados, ignorando o público. Este, por sua vez, não se empolgou com a escola, apesar de o samba em homenagem à cana-de-açúcar ser um dos mais bonitos do ano.
A Beija-Flor, que falou sobre a rainha negra Agotime, conseguiu ser a primeira escola a levantar o público nas arquibancadas, contagiando a todos com sua beleza plástica e o entusiasmo de seus componentes. Nos últimos dois anos, ela perdeu para Imperatriz por apenas meio ponto, ficando como vice-campeã.
A Mangueira teve um desfile quase totalmente correto, apenas maculado por um pouco de correria das últimas alas. Como já é tradição, ela foi a mais aplaudida, beneficiando-se do fato de ter a maior torcida entre o público.
O maior problema da escola é a monotonia visual causada pelo excesso do uso das cores verde e rosa, em todos os tons possíveis. O recurso, ou falta de imaginação, justificado por serem essas as suas cores oficiais, acaba esfriando o desfile. A única escola que conseguiu cativar o público em um nível próximo ao da Mangueira foi a Viradouro, de Niterói, que contou com a criatividade de Moacyr da Silva Pinto, o mestre Ciça, 44.
A bateria, que em 1997 havia inovado com uma batida funk, agora veio com uma coreografia, criada por Ciça, em que os ritmistas se ajoelham em plena avenida, enquanto tocam. Quando os 313 membros da bateria se levantavam, eram muito aplaudidos.
A Viradouro, que trouxe um enredo sobre os sete pecados capitais, cometeu falhas de evolução, criando espaços vazios em sua passagem, o que pode significar perda de pontos.
Outras duas escolas que fizeram desfiles competitivos foram a Mocidade Independente de Padre Miguel e o Salgueiro, mas nenhuma das duas trouxe inovações ou apresentou destaques que possam fazer deste um dos seus melhores carnavais. Quem também deve passar para a história do Carnaval de 2001, além da apoteótica estréia de Joãosinho Trinta na Grande Rio, serão a Unidos da Tijuca e a Portela.
A primeira por causa da ousadia ao desenvolver o enredo em homenagem a Nelson Rodrigues, apresentando um dos sambas mais marcantes do ano. A escola inovou ao apresentar uma comissão de frente que, a partir de uma instigante coreografia, sintetizou o universo rodrigueano.
Já a Portela parece que desistiu do lado competitivo do Carnaval -justo ela que detém 21 títulos, sendo a maior campeã do Rio. Com um desfile marcado pela apatia dos seus integrantes, a escola corre o risco de ser rebaixada para o Grupo de Acesso.



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