São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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Joãosinho Trinta leva "astronauta" para a avenida

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

ANTÔNIO GÓIS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Joãosinho Trinta inovou mais uma vez e trouxe um "astronauta" dos Estados Unidos para sobrevoar a Marquês de Sapucaí. A atração, que vinha sendo mantida em segredo, foi o destaque da comissão de frente da Grande Rio, que fechou os desfiles no sambódromo ontem de manhã.
Eric Scott, 38, dublê de uma empresa de efeitos especiais de Dallas, no Texas, virou a celebridade do desfile. Ele fez quatro vôos na avenida, numa máquina de propulsão a jato chamada "rocket belt", criada pela Nasa, agência espacial americana.
Ao terminar o primeiro vôo, de cerca de 200 metros, Scott pousou num monte de papel picado, com as cores da Grande Rio -verde, branco e vermelho-, espalhando os papéis pelo ar.
Em seguida, Scott tirou o capacete e começou a sambar, meio sem jeito. O americano, que jamais havia vindo ao Brasil, arrancou aplausos da platéia, impressionada com seu feito.
"É a melhor sensação que eu tive na vida", disse Scott, após terminar o último vôo, quando contornou o arco da Praça da Apoteose. Das arquibancadas, vinham gritos de "É campeã".
Joãosinho Trinta, que fez sua estréia na Grande Rio, disse que há muito tempo queria pôr um homem voando no sambódromo. Ele explicou a relação entre o vôo e o enredo da escola, que homenageou o profeta Gentileza, um místico que circulava pelas ruas do Rio pintando mensagens de paz em pilares de viadutos.
"Vivemos uma era espacial e temos tanta fome, pobreza e violência. É um contraste que ainda não foi resolvido", disse.
A importação do show americano custou US$ 143 mil (quase R$ 290 mil), cerca de 12% do orçamento da Grande Rio, que foi de R$ 2,3 milhões.
O "rocket belt" (cinto foguete, na tradução literal) tem autonomia para 30 segundos de vôo -por isso foram feitos quatro vôos para cumprir o percurso.

Factóide da Mangueira
A comissão de frente da Mangueira também surpreendeu o público ao explorar suas raízes. Dona Zica, 84, viúva de Cartola, desfilou dentro de uma caixa levada pelos integrantes da comissão e, por dez vezes, jogou rosas em cima de uma faixa com o nome de dona Neuma, integrante da Velha Guarda da escola morta em 2000.
Antes do desfile, boatos sobre o estado de saúde de dona Zica davam conta de que ela não iria desfilar. Mais tarde, porém, o músico Ivo Meirelles, ligado à escola, disse que tudo havia sido um artifício para chamar a atenção.
Dona Zica desfilou acompanhada por seu médico, Wanderley Pereira. "A pressão subiu demais e, como ela ficaria dentro de uma caixa que seria girada várias vezes, a levamos para uma clínica para que se recuperasse."



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