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Joãosinho Trinta leva "astronauta" para a avenida
CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO
ANTÔNIO GÓIS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Joãosinho Trinta inovou mais
uma vez e trouxe um "astronauta" dos Estados Unidos para sobrevoar a Marquês de Sapucaí. A
atração, que vinha sendo mantida
em segredo, foi o destaque da comissão de frente da Grande Rio,
que fechou os desfiles no sambódromo ontem de manhã.
Eric Scott, 38, dublê de uma empresa de efeitos especiais de Dallas, no Texas, virou a celebridade
do desfile. Ele fez quatro vôos na
avenida, numa máquina de propulsão a jato chamada "rocket
belt", criada pela Nasa, agência espacial americana.
Ao terminar o primeiro vôo, de
cerca de 200 metros, Scott pousou
num monte de papel picado, com
as cores da Grande Rio -verde,
branco e vermelho-, espalhando os papéis pelo ar.
Em seguida, Scott tirou o capacete e começou a sambar, meio
sem jeito. O americano, que jamais havia vindo ao Brasil, arrancou aplausos da platéia, impressionada com seu feito.
"É a melhor sensação que eu tive na vida", disse Scott, após terminar o último vôo, quando contornou o arco da Praça da Apoteose. Das arquibancadas, vinham gritos de "É campeã".
Joãosinho Trinta, que fez sua estréia na Grande Rio, disse que há
muito tempo queria pôr um homem voando no sambódromo.
Ele explicou a relação entre o vôo
e o enredo da escola, que homenageou o profeta Gentileza, um
místico que circulava pelas ruas
do Rio pintando mensagens de
paz em pilares de viadutos.
"Vivemos uma era espacial e temos tanta fome, pobreza e violência. É um contraste que ainda não
foi resolvido", disse.
A importação do show americano custou US$ 143 mil (quase R$
290 mil), cerca de 12% do orçamento da Grande Rio, que foi de
R$ 2,3 milhões.
O "rocket belt" (cinto foguete,
na tradução literal) tem autonomia para 30 segundos de vôo
-por isso foram feitos quatro
vôos para cumprir o percurso.
Factóide da Mangueira
A comissão de frente da Mangueira também surpreendeu o
público ao explorar suas raízes.
Dona Zica, 84, viúva de Cartola,
desfilou dentro de uma caixa levada pelos integrantes da comissão
e, por dez vezes, jogou rosas em
cima de uma faixa com o nome de
dona Neuma, integrante da Velha
Guarda da escola morta em 2000.
Antes do desfile, boatos sobre o
estado de saúde de dona Zica davam conta de que ela não iria desfilar. Mais tarde, porém, o músico
Ivo Meirelles, ligado à escola, disse que tudo havia sido um artifício
para chamar a atenção.
Dona Zica desfilou acompanhada por seu médico, Wanderley
Pereira. "A pressão subiu demais
e, como ela ficaria dentro de uma
caixa que seria girada várias vezes,
a levamos para uma clínica para
que se recuperasse."
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