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Vítima havia passado no vestibular
DA REPORTAGEM LOCAL
Filha de uma vendedora ambulante e de um caminhoneiro, Daniele Simone Paz de Lira Silva, 21,
teve em janeiro passado a maior
realização da sua vida: passou no
vestibular da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica), onde começou a frequentar as aulas do
curso de ciências contábeis.
Moradora de uma casa de dois
dormitórios alugada por R$ 300
mensais na Vila Maria, na zona
norte de São Paulo, Daniele havia
se casado três anos atrás com o
motorista Domingos Laurentino
da Silva, 24. Sua filha, Letícia,
completa 3 anos em julho.
Ela começou a trabalhar para
ajudar a família aos 14 anos. Era a
segunda mais velha entre os cinco
filhos do casal José Guimarães e
Severina, atualmente separados.
Daniele trabalhava em um escritório de contabilidade. Seu salário não era suficiente para pagar
a mensalidade da faculdade. "Ela
ganhava R$ 600. Eu dava mais R$
100", disse Domingos.
Quando ela passou no vestibular, ele estava desempregado havia três meses. Mesmo assim, não
desistiram da matrícula. "A gente
juntou umas economias e ficou
torcendo para eu arranjar algo.
Consegui na semana passada."
A universitária saía de casa antes das 7h para trabalhar. Só chegava da faculdade à meia-noite,
depois de pegar um ônibus e uma
lotação. Para passar no vestibular,
Daniele fez um cursinho gratuito
do Grêmio Politécnico da USP.
Antes, sempre estudou em escola
pública. As horas de lazer eram
dedicadas às atividades de um
grupo de jovens católicos.
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