São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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Vítima havia passado no vestibular

DA REPORTAGEM LOCAL

Filha de uma vendedora ambulante e de um caminhoneiro, Daniele Simone Paz de Lira Silva, 21, teve em janeiro passado a maior realização da sua vida: passou no vestibular da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), onde começou a frequentar as aulas do curso de ciências contábeis.
Moradora de uma casa de dois dormitórios alugada por R$ 300 mensais na Vila Maria, na zona norte de São Paulo, Daniele havia se casado três anos atrás com o motorista Domingos Laurentino da Silva, 24. Sua filha, Letícia, completa 3 anos em julho.
Ela começou a trabalhar para ajudar a família aos 14 anos. Era a segunda mais velha entre os cinco filhos do casal José Guimarães e Severina, atualmente separados.
Daniele trabalhava em um escritório de contabilidade. Seu salário não era suficiente para pagar a mensalidade da faculdade. "Ela ganhava R$ 600. Eu dava mais R$ 100", disse Domingos.
Quando ela passou no vestibular, ele estava desempregado havia três meses. Mesmo assim, não desistiram da matrícula. "A gente juntou umas economias e ficou torcendo para eu arranjar algo. Consegui na semana passada."
A universitária saía de casa antes das 7h para trabalhar. Só chegava da faculdade à meia-noite, depois de pegar um ônibus e uma lotação. Para passar no vestibular, Daniele fez um cursinho gratuito do Grêmio Politécnico da USP. Antes, sempre estudou em escola pública. As horas de lazer eram dedicadas às atividades de um grupo de jovens católicos.


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