São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Projeto que reajusta em até 41,65% salário de cargo de confiança é rejeitado por 18 dos 35 vereadores governistas

Aumento de alto escalão racha base de Marta

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto que aumenta o salário dos altos cargos de confiança da prefeita Marta Suplicy (PT) provocou ontem um racha na base governista na Câmara Municipal e na própria bancada petista.
Pelo menos 18 dos cerca de 35 vereadores da situação ameaçaram se retirar da sessão ou votar contra o projeto. Sem saída, o governo cancelou a segunda e última votação do projeto que aumenta em até 41,65% o salário de secretários, administradores regionais e outros altos cargos.
Na quinta-feira, quando a proposta foi aprovada em primeira votação, por 31 votos contra 23, os governistas Cláudio Fonseca (PC do B) e Beto Custódio (PT) já tinham votado contra.
Na sessão de ontem foi a vez do "grupo dos novos" -membros de partidos pequenos que estão na primeira legislatura-, vereadores da "tropa de choque" do ex-prefeito Celso Pitta (PTN) e mais dois petistas se posicionarem contra o projeto. Com o racha, o governo não teria os 28 votos para garantir a aprovação da proposta.
Eliseu Gabriel (PDT), que também integra o grupo de situacionistas descontentes apesar de ser vice-líder do governo, confirmou que nove membros do "grupo dos novos" e outros cinco vereadores também votariam contra o projeto. Esses seriam do PMDB, do PTB e do PL, partidos que também deram sustentação a Pitta.
A Executiva municipal do PT se reuniu na bancada anteontem para fazer com que a bancada votasse unida a favor do projeto. Em nota oficial, a Executiva disse que "considera que a relação entre a bancada de vereadores, a direção do partido e o governo municipal precisa ser aperfeiçoada, com o objetivo de torná-la mais produtiva e equilibrada".
A estratégia não deu certo. Custódio confirmou que iria votar contra pela segunda vez e outros dois vereadores petistas ameaçavam segui-lo.
Os governistas cobram de Marta o desgaste político com o projeto. "O desgaste e a pressão do funcionalismo é muito grande", afirmou Eliseu Gabriel.
Mas vereadores da oposição afirmam que parte dos governistas aproveitou o episódio para cobrar "privilégios". Entre eles, cargos na administração que teriam sido prometidos e não entregues.
"A base quer um pouco mais, mas não que seja cargo. O pessoal quer ser bem atendido. Quer ter facilidade para encaminhar o pedido do eleitor à prefeitura", disse Eliseu Gabriel.
O líder do governo, José Mentor (PT), afirmou que não houve votação porque membros da base governista e da própria bancada petista lhe encaminharam "considerações". "Pergunte aos líderes", disse Mentor, ao ser questionado sobre essas "considerações".
O líder do governo afirmou desconhecer pedidos de "melhor tratamento" por parte da base governista na Câmara. Mentor disse que não sabe quando vai colocar o projeto em votação novamente.
Ontem, vereadores da oposição organizaram uma encenação em frente à Câmara, usando atores de teatro amador, contra o projeto de aumento dos secretários.


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