São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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Estudo descobre nove municípios "sem nada"

DA SUCURSAL DO RIO

DA AGÊNCIA FOLHA

O retrato do saneamento no Brasil apontou uma curiosidade encontrada em nove municípios brasileiros. Neles, não há nenhum serviço de abastecimento de água, coleta de esgoto ou de lixo.
Todas são cidades com menos de 10 mil habitantes, com exceção de Nova Esperança do Piriá, no Pará, que tem 18.893, de acordo com o Censo 2000 do IBGE.
Cinco desses municípios se encontram no Maranhão, um no Pará, um em Rondônia, um em Santa Catarina e um no Rio Grande do Sul.
No caso da água, a principal solução encontrada pelos municípios sem abastecimento são os poços particulares, como acontece em Nova Esperança do Piriá (PA), ou chafarizes, bicas e minas, como acontece em Cachoeira Grande (MA). Nesse caso, a população ainda precisa se deslocar de sua casa para coletar a água e transportá-la para suas casas.
Além desses municípios, os outros sete que compõem a lista dos "sem-nada" são Vale do Anari (RO), Amapá do Maranhão (MA), Fernando Falcão (MA), Junco do Maranhão (MA), Santo Amaro do Maranhão (MA), Santa Terezinha do Progresso (SC) e Monte Alegre dos Campos (RS).
No município de Ulianópolis (PA), também foi acusada a inexistência de serviços de saneamento pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE. Mas como os dados do Censo 2000 mostram um grande número de domicílios na cidade onde havia rede de abastecimento de água e lixo, os técnicos do instituto preferiram não incluí-lo na lista dos "sem-nada".

Cidades
A maioria dos habitantes de Nova Esperança do Piriá, que faz divisa com o Estado do Maranhão, utiliza a água do rio Piriá para beber, tomar banho e lavar a roupa. Outro meio de abastecimento são os poços artesianos.
"Mesmo com a água amarelada, a gente toma porque tem ferro e faz bem para a saúde", disse a moradora Alice Almeida Ribeiro. Ela conta que seus dois filhos já tiveram esquistossomose e diarréias.
A Prefeitura de Santa Terezinha do Progresso (SC) informou que não procede a informação de que nenhum domicílio conta com coleta de lixo. O secretário de Administração, Ademir Antonio Detofol, afirmou que todas as 129 casas da localidade têm serviço de recolhimento de lixo, que é feito duas vezes por semana, e água encanada. Dos 3.416 habitantes de Santa Terezinha do Progresso, 87% vivem na área rural. Não há planos para a instalação de uma rede de esgoto.
No Maranhão, a pior situação é a da cidade de Amapá do Maranhão, localizada no noroeste do Estado, próximo à divisa com o Pará. Lá, nenhum dos 1.066 domicílios têm sistema de esgoto (saneamento básico). E apenas 11 residências usufruem de coleta de lixo e água tratada. De acordo com o Censo 2000, a cidade tem 5.431 habitantes.



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