São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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VIOLÊNCIA

Edna Milani, 20, que teria ajudado a matar cinco da família do namorado, levou cerca de 150 pontos na cabeça

Acusados de chacina são espancados

MARCELO TOLEDO
ROGÉRIO PAGNAN

DA FOLHA RIBEIRÃO

A dona-de-casa Edna Emília Milani, 20, e o pintor desempregado Carlos Fabiano Faccion, 24, os dois principais acusados de matar cinco pessoas da mesma família em Batatais (353 km de São Paulo) anteontem, foram espancados ontem por outros presos nas cadeias para onde foram levados. O caso mais grave foi o de Edna, que está internada.
Segundo a polícia, na madrugada de anteontem, os dois, em companhia do adolescente C.R.S.D., 13, mataram a golpes de barra de ferro e a facadas o pai, a mãe e três irmãos de Faccion. Duas crianças (um irmão e uma sobrinha de Faccion) continuavam internadas, até ontem à noite, em estado grave.
Mesmo detida em uma cela isolada, Edna foi espancada por um grupo de pelo menos 20 presas da Cadeia Pública de Altinópolis. O grupo teria aproveitado a saída para o banho de sol, por volta das 8h, para quebrar os cadeados da cela de Edna.
Elas colocaram roupas nos varais para que a visão dos dois carcereiros ficasse encoberta e, após quebrarem os cadeados, tiraram Edna da cela. Segundo a polícia, ela recebeu cerca de 150 pontos na cabeça, fraturou o crânio, quebrou o nariz e teve afundamento de um osso da face.
Para espancar Edna, as detentas usaram pedras, pedaços de madeira e barras de ferro da tubulação de água. Após ser levada a um hospital da cidade, Edna foi encaminhada à Unidade de Emergência do HC de Ribeirão. Ela não corria risco de morte.
O diretor da cadeia, César Augusto de França, nega ter sido negligente. "Se eu tivesse sido negligente, ela não estaria isolada."
Faccion foi agredido na Cadeia Guanabara, de Franca. Ele, no entanto, não recebeu atendimento médico e foi mantido na mesma cela em que sofreu a agressão.
Segundo a Folha apurou, Faccion foi agredido durante a noite por outros presos, logo após ter sido colocado na cela. O detento não teria informado ao diretor o ocorrido temendo novas agressões. A direção da cadeia de Franca alega desconhecer a agressão. Faccion e Edna devem ser transferidos para outras cadeias, por questão de segurança.
Para Fernando César Faccion, irmão de Carlos Fabiano, os acusados nunca serão perdoados. "Se não morrerem na cadeia, vão sofrer aqui fora porque nem eu nem ninguém vai perdoá-los por isso."



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