|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VALE A PENA SABER
ATUALIDADES
George W. Bush e o combate aos países do "eixo do mal"
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao se dirigir aos americanos em
fevereiro, George W. Bush declarou ser preciso combater os
países que compõem o "eixo do
mal": Coréia do Norte, Irã e Iraque. A escolha da expressão nos
remete à aliança entre Alemanha,
Itália e Japão na Segunda Guerra e
sinaliza um retrocesso no diálogo
entre as nações.
Acusados de investir em armas
de grande impacto, esses "países
renegados" representam, segundo a Casa Branca, uma ameaça
real à estabilidade global. Além da
enorme repercussão, as declarações do presidente reafirmam sua
disposição em prosseguir na
"guerra contra o terror".
Mais do que ajudar, essa política
interrompe o processo de aproximação com o regime de Pyongyang, iniciado por Bill Clinton em
2000, quando apoiou o encontro
do líder norte-coreano Kim Jong-il com seu vizinho do sul. Compromete o esforço iraniano de
aproximação com o Ocidente ao
provocar a ira da população.
Bush dificulta a luta dos reformistas alinhados a Mohamed
Khatami e fortalece a posição dos
conservadores sob a liderança do
aiatolá Ali Khamenei, que disse
que os EUA representam o verdadeiro "mal". Mesmo os aliados
árabes, que concordam que Saddam Hussein representa um perigo, jamais aceitariam a hipótese
de os EUA invadirem o Iraque.
Estratégico, Bush pretende vincular o combate ao terrorismo ao
projeto de construção de um sistema de defesa antimísseis. A
idéia é associar os "países bandidos" aos grupos terroristas organizados. Washington defende
que os países fora da lei, além de
produzir armas nucleares, biológicas ou químicas, colocariam essas armas à disposição de organizações terroristas. Trata-se de um
ardil para captar recursos em nome da segurança.
O fato é que, após 11 de setembro, os EUA se engajaram numa
cruzada contra o terror, mobilizando forças no plano interno e
definindo uma estratégia de ação
internacional. Do Afeganistão à
Colômbia, a ordem é combater o
terrorismo. Hussein passou a ser
o próximo da lista e que se cuidem Muammar Gaddafi, da Líbia,
Fidel Castro, de Cuba, e Hugo
Chávez, da Venezuela.
George W. Bush parece mais
que nunca transformado no grande "xerife" do mundo. Contudo
essa atitude unilateral de Washington, assim como a ameaça
terrorista, é que coloca em perigo
a estabilidade global.
Roberto Candelori é coordenador da
Cia de Ética, professor da Escola Móbile e
do Objetivo (Americana)
Texto Anterior: Além do quadro-negro Próximo Texto: Matemática: O infinito e o quase "insuperável" número gugol Índice
|