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MATEMÁTICA
O infinito e o quase "insuperável" número gugol
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em certa ocasião, o matemático
americano Edward Kasner perguntou ao seu sobrinho Milton
Sirotta, de nove anos, qual era o
maior número que existia. A resposta do pequeno Milton -qualquer coisa como guuugol...- não
foi muito animadora, mas na
mente criativa de Kasner isso virou uma bela brincadeira matemática. Em homenagem ao sobrinho, Kasner chamou de gugol
("googol", em inglês) o número 1
seguido de 100 zeros ou, dizendo
de outra maneira, o número 10100.
Não é tarefa fácil encontrar em
nosso mundo real algo em quantidade tão grande quanto 1 gugol.
Para ter uma idéia, o número de
gotas de chuva que caem na cidade de São Paulo em um século é
muito menor que 1 gugol. Também o número total de grãos de
areia das praias do litoral brasileiro é menor que 1 gugol, assim como é menor que 1 gugol o número
de elétrons em todo o universo
(que se estima ser algo em torno
de 1079 elétrons).
Para não dizer que 1 gugol é um
número insuperável, se imaginarmos o universo inteiro ocupado
por prótons e elétrons de tal forma que não sobre nenhum espaço
livre, então o número dessas partículas será maior que 1 gugol (10
elevado a 110 partículas, aproximadamente).
Vencida a barreira do gugol,
que tal pensarmos agora em um
número ainda maior: "10 elevado
a 1 gugol" (Kasner batizou esse
número de gugolplex).
Se fosse possível escrever um dígito a cada meio segundo, quanto
tempo levaríamos para escrever
todos os zeros do número 1 gugolplex? A resposta exige apenas algumas contas. Dizer que 1 gugolplex é o número 10 elevado a 1 gugol é equivalente a dizer que esse
número tem o primeiro dígito
igual a 1, seguido de 1 gugol de dígitos iguais a 0. Nas condições dadas, levaríamos 0,5.10100 segundos
para escrever por extenso o número de zeros de 1 gugolplex. Levando-se em consideração que
esse número é igual a 5.1099 segundos e que a idade estimada do
universo é igual a 6,32.1016 segundos, é possível afirmar que, desde
o Big Bang até hoje, não houve
tempo suficiente para a empreitada de escrever todos os zeros de 1
gugolplex.
Para o leitor que pensa ter atingido o infinito com o gugolplex,
que tal imaginar o número 1 gugolplex elevado a 1 gugolplex?
Quanto ao nome desse novo número, fica por conta da imaginação de cada um!
José Luiz Pastore Mello é professor de
matemática do ensino médio do Colégio
Visconde de Porto Seguro
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