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DIREITOS HUMANOS
Deputados e membros de entidades visitaram Penitenciária do Estado após denúncia de maus-tratos
Hospital abandona presos, diz comissão
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
Deficientes físicos com fraturas
expostas e feridas infectadas, sem
remédios ou assistência médica e
vivendo em minúsculas celas
-``um lugar frio, úmido e onde
nunca bate sol''.
Essa é a realidade do hospital auxiliar da Penitenciária do Estado
de São Paulo (zona norte da cidade), segundo relato de um grupo
de deputados especializados em
direitos humanos que visitaram as
dependências do presídio, na manhã de ontem.
A inspeção foi planejada após
denúncias de abandono dos 51
presos que vivem no hospital auxiliar. Eles encaminharam carta à
pastoral carcerária, na qual descrevem os maus-tratos recebidos.
O documento diz que os presos
-sendo 3 tetraplégicos (que não
movimentam braços nem pernas)
e 35 paraplégicos (que não movimentam os membros inferiores)- vivem entre ratos e baratas,
não recebem material para higiene
nem assistência judiciária.
Também informa que já ocorreram óbitos por omissão de socorro
e que, na falta de médicos, os próprios presos fazem o atendimento
de emergência e de enfermagem.
``Há muitos detentos que já
cumpriram a maior parte da pena
e poderiam gozar de benefícios
previstos na legislação, mas continuam lá'', disse o presidente da
Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado Renato Simões (PT).
Segundo ele, há presos com o
mesmo dreno (aparelho acoplado
ao pênis para facilitar a urinação)
há mais de três meses. ``É o total
abandono. Vou acionar o Ministério Público e a corregedoria.''
Também participaram da blitz o
deputado estadual Wagner Lino
(PT), o deputado federal Hélio Bicudo (PT-SP), membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, e integrantes da Comissão de Direitos Humanos Teotônio Vilela.
Bicudo, que vai elaborar um relatório sobre a visita e apresentá-lo
ao governador de São Paulo, Mário Covas, diz que só havia duas
duchas para os 51 presos.
``Nem fisioterapia eles recebem.
Vi um preso em posição fetal (com
pernas dobradas e encolhidas junto ao tronco) que não conseguia
esticar as pernas de tão atrofiadas
que estavam. Outros, que eram capazes mas, devido às condições a
que são submetidos, não conseguem mais movimentar a cabeça.''
Outro lado
O diretor da Penitenciária do Estado, Niceto Fernandes Lopes, diz
que ``90% das denúncias não procedem''. ``Alguma coisa pode até
ser verdade, pois todo mundo tem
falhas'', afirma Lopes.
O secretário estadual da Administração Penitenciária, João Benedicto Marques, não respondeu
aos telefonemas da reportagem.
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