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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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Estudo do HC comprova eficácia da soja nos sintomas da menopausa

Caio Guatelli/Folha Imagem
As pesquisadoras Ângela Maggio da Fonseca (à esq.) e Esther Laudanna


AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo realizado pelo Departamento de Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP concluiu que um alimento à base de isolado protéico da soja é tão eficaz no combate aos sintomas da menopausa quanto a terapia de reposição hormonal (TRH) clássica.
O ensaio clínico, que durou 16 semanas, foi feito com 98 mulheres saudáveis, com queixas de sintomas do climatérico, divididas em dois grupos.
Um deles tomou um repositor hormonal em comprimido, empregado na TRH. O outro recebeu duas doses diárias de 30 g do alimento à base de isolado protéico da soja enriquecido com proteínas da soja, mais cálcio.
Os resultados foram apresentados ontem. "Os grupos apresentaram efeitos benéficos significativos e idênticos", disse a professora Ângela Maggio, do Departamento de Ginecologia do HC e coordenadora da pesquisa. "O alimento se mostrou eficiente na terapêutica do climatério, especialmente para um grupo importante de mulheres."
Nesse grupo, estariam aquelas com histórico de câncer, as que temem ou evitam tomar hormônios, as mais idosas e aquelas que interromperam ou querem interromper a terapia clássica. A pesquisa avaliou os 11 sintomas da menopausa que constam do índice de Kuppermann, referência internacional para esse tipo de estudo. Nos dois grupos, houve uma queda de 70% no nível geral de intensidade dos sintomas.
O alimento pesquisado foi desenvolvido numa parceria entre a Esalq (Escola de Agronomia da USP de Piracicaba) e a Fugesp (Fundação para o Estudo da Nutrição e Gastroenterologia).
O alimento já está sendo comercializado, assim como outros à base de fitormônios que vêm sendo testados no HC e em outras instituições universitárias do país. "O objetivo é pesquisar aquilo que a população está consumindo", diz Esther Laudanna, nutróloga do HC, médica da Fugesp e uma das pesquisadoras.
"É uma boa notícia para as mulheres e para o Brasil, que tem soja de sobra", disse José Aristodemo Pinotti, diretor do serviço de ginecologia do HC e orientador da pesquisa. Segundo ele, os conceitos de uso da TRH mudaram e exigem conduções individualizadas, como também salienta Ângela Maggio. "Consultar o médico é fundamental", ela afirma.
Pinotti afirma que a próxima fase será o estudo dos efeitos da soja nos problemas cardíacos, na osteoporose e no câncer.
O ginecologista Cesar Eduardo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Climatério (Sobrac), disse que sua entidade reconhece os efeitos positivos dos fitormônios na sintomatologia da menopausa. "Mas, a longo prazo, esses efeitos costumam ser menores que a terapêutica clássica", diz.
Essa posição constará do consenso que a Sobrac divulga no 5º Congresso Brasileiro de Climatério e Menopausa, que acontece entre os dias 5 e 7, em São Paulo.
Fernandes diz que há necessidade de novos estudos mais longos do tipo duplo-cego, quando nem pesquisador nem paciente sabem quem e o que está tomando.

Informações para leigos e médicos são obtidas pelo telefone 0800-554414


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