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Alerta em maço afeta fumante, diz pesquisa
Estudo aponta que, ao ver avisos, 39% já desistiram de consumir ao menos um cigarro e 48% ficaram mais propensos a largar vício
Ministério da Saúde adota imagens mais chocantes e planeja mudar lei para estampá-las na frente do maço, e não no verso
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Ao ver fotos e mensagens estampadas nos maços, 39% dos
fumantes já desistiram de consumir ao menos um cigarro,
nos últimos 30 dias. Essa é uma
das conclusões de uma pesquisa do Inca (Instituto Nacional
do Câncer) nas cidades de São
Paulo, Rio e Porto Alegre para
avaliar o efeito das advertências, obrigatórias desde 2002.
Segundo o levantamento, os
alertas causaram reflexão sobre os males do fumo em 61,6%
dos fumantes, e 48,2% ficaram
mais propensos a largar o vício.
Para tentar ampliar a aversão
ao fumo, o Ministério da Saúde
está substituindo as mensagens nos maços por outras dez
com imagens mais chocantes
-entre elas, de bebê prematuro
morto e de vítima de gangrena.
Cigarros produzidos desde 5
de maio já contêm as novas advertências e, a partir de 5 de
agosto, nenhum maço à venda
pode conter as imagens antigas.
"Enquanto a indústria [de cigarros] usa imagens bonitas, a
gente adota imagens agressivas, para ressaltar o efeito nocivo do cigarro", diz Luiz Antonio
Santini, diretor-geral do Inca.
Os alertas também terão
uma palavra em destaque para
evidenciar os males do fumo,
como "horror". Esse é o terceiro conjunto de advertências -o
primeiro, e mais ameno, circulou de 2002 a 2004.
O Inca também tentará mudar a legislação, para exigir que
as advertências sejam estampadas na frente dos maços, e não
apenas no verso -pelo levantamento, só 50% dos fumantes
notam com frequência os alertas. Para isso, é preciso mudar
norma da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O estudo do Inca em parceria
com a Universidade de Waterloo, no Canadá, avalia pela primeira vez os efeitos dos alertas.
Segundo o instituto, o Brasil
tem 27 milhões de fumantes
-no mundo há 1,3 bilhão.
A pesquisa, em andamento,
pretende ouvir 1.800 pessoas
em São Paulo, Rio e Porto Alegre -400 fumantes e 200 não
fumantes em cada cidade.
Por enquanto, 717 pessoas foram consultadas, e o resultado
parcial foi divulgado como parte dos eventos do Dia Mundial
sem Tabaco, em 31 de maio.
O estudo indica que a grande
maioria conhece os malefícios
do fumo -é grande o número
de fumantes que sabe que ele
causa câncer de pulmão (96%),
doença cardíaca (95%) ou impotência (81,9%).
Países
Pesquisa semelhante já foi
feita, sob coordenação da mesma universidade canadense,
em outros 16 países. O Brasil é o
segundo com maior número de
fumantes que, influenciados
pelos alertas, desistiram de fumar um cigarro -só perde para
a Tailândia, onde o índice chega
a 60%. Mas é só o 11º com mais
fumantes que notam os alertas.
Em outros países, os avisos
aparecem na frente dos maços.
"O Brasil é o país mais conhecido do mundo pelas advertências nos maços", afirmou Geoffrey Fong, professor da Universidade de Waterloo e coordenador da pesquisa internacional.
"Mas os efeitos seriam ainda
melhores se as imagens estivessem na frente dos maços."
Procurada, a fabricante de cigarros Philip Morris não quis
se manifestar.
A Souza Cruz, por meio de
nota, afirmou que "as advertências estão cumprindo integralmente seu papel em informar a
população sobre os riscos dos
produtos de tabaco". A empresa disse reconhecer "a importância do papel do governo na
condução de políticas públicas
de saúde e apoia medidas equilibradas que visem atender a
todas as partes envolvidas".
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