São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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Pilotos voavam "às cegas", dizem especialistas

DE SÃO PAULO

Para especialistas, os dados divulgados pelo BEA revelam que os pilotos voavam "às cegas", sem poder confiar nas informações dos instrumentos e sem referências visuais que lhes permitissem ter noção do que ocorria.
"O ponto crucial é que ele [o piloto] não podia confiar nas informações. Estava chovendo, com turbulência e à noite", diz Marcus Reis, piloto e coordenador do curso de ciências aeronáuticas da Universidade Estácio de Sá.
Nessas condições, afirmam pilotos consultados pela Folha, o comandante do Airbus estava, na frase de um deles, "no escuro completo".
Isso ocorreu porque os dados sobre a velocidade registrados pelos instrumentos da aeronave não eram confiáveis -tudo indica que um dos pitots, aparelhos que registram esse tipo de informação, estava congelado.
O dado sobre a velocidade é fundamental para o controle do avião. O Airbus A330 é quase totalmente automatizado. Sem as informações corretas, o sistema começa a dar comandos com o objetivo de corrigir os problemas -altitude, velocidade etc.
Com o controle manual, mesmo que os instrumentos registrem dados errados, geralmente os pilotos têm referenciais no horizonte para ao menos estimarem velocidade, altitude e posição de subida ou descida.
É comum os pilotos se orientarem pelas estrelas ou pelas nuvens, por exemplo, o que não era o caso no dia.
"A velocidade devia ser muito maior do que a informada", diz Roberto Peterka, consultor de segurança de voo e ex-investigador de acidentes aéreos do antigo Departamento de Aviação Civil.
"Parece que o piloto estava recuperando o avião quando bateu [na água]. A posição em que ele bateu é uma recuperação [da posição correta de voo]", afirma Peterka.


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