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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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TRANSPORTE

Justiça diz que réus têm residência fixa e que acusação do Ministério Público Federal não está individualizada

Juiz federal manda soltar 8 sindicalistas

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Toru Yamamoto, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, revogou a prisão preventiva de oito dos 19 integrantes da cúpula do sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus denunciados sob a acusação de integrar uma quadrilha para organizar greves, entre outros crimes. Sete deles deixaram ontem, às 19h30, as celas da Polícia Federal onde estavam desde 19 de maio.
A decisão de Yamamoto foi tomada anteontem à noite. Ele alegou que os réus têm residência fixa e podem responder ao processo em liberdade. O juiz desqualificou a principal denúncia do Ministério Público Federal -a de formação de quadrilha armada- sob a alegação de que "não houve apreensão de armas ilegais" e que a acusação não individualizou a conduta de cada um no crime.
Yamamoto afirmou que "a maioria deles" não ostenta "condições financeiras flagrantemente incompatíveis com suas rendas, ao menos aparentemente".
Os oito sindicalistas que tiveram seus pedidos de prisão revogados prestaram depoimentos na 3ª Vara Criminal Federal de segunda a quinta-feira, em sessões fechadas. Os demais serão ouvidos nas duas próximas semanas.
Os que foram soltos às 19h30, sob os gritos de "viva a democracia", são: Luiz Carlos Antonio, Jorge Luis de Jesus (conhecido por Febem), Geraldo Diniz da Costa, Edivaldo Lima da Silva (Cupim), José Otaviano de Albuquerque (Xerife), Isao Hosogi (Jorginho) e Francisco Xavier da Silva Filho (Chiquinho). A PF disse que a saída de José Simião de Lima Filho dependia de checagem sobre a existência de outros mandados de prisão contra ele.
O MPF denunciou inicialmente 17 membros do sindicato sob a acusação de formação de quadrilha, desobediência a ordem judicial (por não circular com parte da frota durante greves), paralisação de trabalho seguida de violência, paralisação de trabalho de interesse coletivo, frustração de direitos trabalhistas e danos ao patrimônio (depredação de ônibus).
Depois, mais dois foram acusados de intimidar e ameaçar testemunhas -um deles, Albano Dias Andrade, está foragido. Do grupo inicial de 17, Severino Teotônio do Nascimento (Titonho) já estava preso, acusado por homicídio.
Assessores do MPF informaram que os procuradores devem recorrer da decisão da 3ª Vara. Eles não deram entrevistas ontem.
Chiquinho, diretor do sindicato e um dos oito que irão responder ao processo em liberdade, têm uma renda mensal de R$ 2.000 e é dono de um Celta e um Audi A3 1.8. Era motorista de ônibus. Após assumir a função sindical, em dezembro de 2000, deixou a habitação coletiva onde vivia de aluguel para morar em um sobrado de 250 m² na zona leste.
Dos nove que continuam presos na PF, alguns, além das acusações do MPF, são investigados por 12 homicídios. Edivaldo Santiago da Silva, ex-presidente do sindicato, já foi indiciado pela morte de um sindicalista em Guarulhos.

"Precipitação"
O advogado dos sindicalistas, Alexandre Crepaldi, afirmou que houve "precipitação" dos procuradores e que espera nos próximos dias a liberação dos demais. Ele também insinuou que há motivação política nas prisões. "Havia 64 diretores no sindicato. Por que só uma parte integra a quadrilha? É, no mínimo, suspeito."
O atual presidente do sindicato, José Ilton Marçal Pereira, que era um dos 64 diretores, disse que os que os presos "eram cartas marcadas" por serem os principais líderes e que, por ora, os que foram soltos não voltarão à entidade.


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