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MEDICAMENTOS
A Anvisa suspendeu ontem o uso e a comercialização do remédio produzido pelo laboratório Ophthalmos
Outro produto é suspeito de causar cegueira
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA CAMPINAS
Um terceiro produto oftalmológico a base de metilcelulose é suspeito de causar inflamação intra-ocular e perda de visão em pacientes. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou ontem a suspensão do uso
e comercialização em todo o país
da metilcelulose produzida pelo
laboratório Ophthalmos, de São
Paulo. A empresa tem registro na
agência -ou seja, é regular.
Segundo a Anvisa, um paciente
operado de catarata na cidade de
Irati (PR) apresentou infecção
após o uso do produto, que facilita a colocação da lente na cirurgia.
A Folha não conseguiu localizar
responsáveis pela empresa ontem
em razão do horário em que a
suspensão foi divulgada pela Anvisa, às 19h30.
O Centro de Vigilância Sanitária
de São Paulo informou que se tratavam de duas notificações de cegueira no Paraná.
Outros dois produtos semelhantes, dos laboratórios OftVision, de São Paulo, e do clandestino Lens Surgical, de Campinas
(SP), também foram relacionados
a casos de cegueira nos últimos 15
dias. Ontem, a Anvisa informou
que investiga 27 casos de infecção
em pacientes de hospitais do Rio.
Os técnicos encontraram em todas as unidades de saúde falhas
no controle de estoque dos medicamentos, o que dificulta apontar
qual droga foi usada nos pacientes afetados.
A vigilância sanitária de São
Paulo trabalha com a hipótese de
ligação entre as ocorrências. Recebeu ontem da multinacional
Baxter, que fornecia água estéril
ao OftVision, amostras para análise laboratorial.
Rede clandestina
A Procuradoria da República
em Campinas investiga a existência de uma rede de laboratórios
clandestinos na região que fabricava e comercializava medicamentos de uso oftalmológico sem
registro. Os laboratórios podem
ter ligação com a Lens Surgical.
Duas ações conjuntas, realizadas ontem e anteontem, pela Polícia Federal, Vigilância Sanitária e
Procuradoria, resultaram na
apreensão de 16 tipos de medicamentos, entre eles a metilcelulose
2%, e documentos que indicavam
a venda desses produtos para pelo
menos oito Estados, além de São
Paulo.
Segundo a Procuradoria, os documentos traziam indicações de
venda dos produtos irregulares
para o Amazonas, Pernambuco,
Bahia, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Anvisa havia detectado que o Lens Surgical distribuiu a metilcelulose para outros
onze Estados.
Nenhuma pessoa foi presa durante a ação. Os locais também
não foram lacrados, pois já estavam fechados.
A ligação entre o Lens Surgical e
pelo menos outros três laboratórios de Campinas e Hortolândia
-M.C. Mura, For Eyes Oftalmologia e Oftálmica Campinas- se
dá, em princípio, pelo tipo de medicamento produzido e o modo
como essas empresas atuavam,
sem licença. A Folha procurou os
responsáveis pelos laboratórios
nos endereços indicados, mas não
conseguiu contato. "Nós [procuradores] também instauramos
hoje [ontem] um inquérito civil
público para apurar as responsabilidades da Anvisa no processo
de investigação", disse a procuradora Letícia Pohl. Os procuradores conseguiram um mandado de
busca e apreensão em cerca de 20
endereços na região. Apenas o
M.C. Mura estava aberto, como
farmácia de manipulação.
(FABIANE LEITE E ANA PAULA MARGARIDO)
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