São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Cinco diretores da Infraero estão com mandato vencido

Os dirigentes da estatal que administra aeroportos são mantidos no cargo por indecisão do Ministério da Defesa

O fato de os diretores estarem com o mandato vencido pode facilitar o trabalho de Nelson Jobim de promover substituições

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DA BRASÍLIA

Os mandatos dos cinco diretores da Infraero -a estatal que administra os aeroportos do país- terminaram em 1º de abril, mas eles vêm sendo mantidos nos cargos por falta de decisão do Ministério da Defesa.
O fato de os diretores estarem com o mandato vencido pode facilitar o trabalho do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, de promover substituições na diretoria da Infraero.
Cabe ao ministro da Defesa reunir o conselho de administração da empresa para decidir se mantém ou troca os dirigentes após o término do mandato.
A Folha apurou que o ex-ministro Waldir Pires não incluiu o tema na pauta nas últimas reuniões e, no mês de julho, não chegou a convocar nenhuma reunião do conselho, por pressões políticas.
Pires deixou o cargo na última quarta-feira.
Dos cinco dirigentes da empresa, pelo menos dois têm padrinhos políticos conhecidos: os diretores de administração e engenharia.
A diretora de engenharia, Eleuza Lores, é ligada ao PT e também ao presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP). Responsável pelas obras da Infraero, incluindo a reforma no aeroporto de Congonhas, ela estava de férias quando ocorreu o acidente da TAM, em 17 de julho, e não interrompeu o descanso mesmo após a tragédia.
Até hoje, dez dias depois do acidente, Eleuza não se manifestou sobre a obra na pista de Congonhas que autorizou. A Folha já procurou Eleuza várias vezes depois do acidente, mas ela informou que não falaria porque está de férias.
Além da Eleuza, também são indicações políticas o próprio presidente da estatal e o diretor de administração da empresa, Marco Antonio Marques de Oliveira. Funcionário de carreira, ele é ligado ao PMDB governista e ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
A Infraero tem cinco diretorias: operações, administração, comercial, financeiro e engenharia. Os diretores têm mandato de dois anos e podem ser reeleitos por mais dois. Os salários são de cerca de R$ 18,6 mil. Todos os atuais diretores foram indicados pelo deputado Carlos Wilson (PT-PE), que antecedeu José Carlos Pereira no comando da empresa.
Para o relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), a única forma de o novo ministro da Defesa melhorar a Infraero é mudar a diretoria da empresa. "É lá que estão os problemas. Precisa tirar os ratos de lá, não adianta tirar o presidente."


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