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CÁRCERE
São 1.055 detentas para 600 vagas; 56,5% têm entre 18 e 30 anos e 76% não completaram o ensino fundamental
Governo ignora presas em São Paulo
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
ADRIANA SOUZA SILVA
free-lance para a Folha
As presas do Estado de São Paulo
estão enfrentado dois problemas
sem perspectiva de solução a curto
prazo: a superlotação dos presídios femininos, com previsão incerta de construção de novas unidades, e a situação precária de saúde que enfrentam, que tende a se
agravar com a falta de vagas.
No primeiro caso, levantamento
deste mês da Secretaria da Administração Penitenciária mostra
que 1.055 presas superlotam 75,8%
o total de vagas (600) disponíveis
nos quatro presídios femininos de
regime fechado do Estado.
De acordo com o secretário-adjunto da Administração Penitenciária, Cláudio Tucci, esta situação
só pode ser resolvida com a construção de duas novas unidades prisionais femininas, avaliadas, cada
uma, em R$ 11 milhões.
No entanto, esse investimento,
ao contrário das 21 prisões masculinas que serão entregues até o final do ano no interior do Estado,
depende de investimentos não
previstos para este ano nessa área.
Mesmo assim, caso os recursos
fossem liberados, as novas unidades levariam entre 12 e 15 meses
para ser entregues.
Pesquisa
Levantamento inédito do Grupo
Cidadania nos Presídios, realizado
entre maio e julho de 1997 na Casa
de Detenção Feminina do Tatuapé
(zona sudeste de SP), revela que
50,6% das detentas entrevistadas
(246 de um total de mais de 300
presas) consideravam ruim o
atendimento médico na unidade.
O grupo recebe apoio da Pastoral Carcerária e das comissões de
direitos humanos da Câmara dos
Deputados e da Assembléia Legislativa de São Paulo. Ele conta com
a participação de voluntários: advogados, psicólogos, pesquisadores sociais e estudantes de direito.
De acordo com a pesquisa, que
será divulgada integralmente no
final do próximo mês, provavelmente na sede da OAB-SP (Ordem
dos Advogados do Brasil), 53%
das presas afirmaram que realizavam tratamento médico antes de
ser presas. No entanto, apenas 9%
delas disseram ter continuado esses tratamentos na prisão.
Um grande número de detentas
(42,7%) afirmou ter adquirido alguma doença na prisão. Ainda segundo as detentas, 55% das gestantes presas afirmaram que não
receberam acompanhamento médico regular (leia texto abaixo).
Perfil
A pesquisa do Grupo Cidadania
nos Presídios mostra que a maioria da presas (56,5%) têm entre 18
e 30 anos. Já a grande maioria delas (76,4%) não completaram o
ensino fundamental. Do total das
detentas entrevistadas, 75% trabalhavam antes de ser presas.
"A maioria estava trabalhando
antes de ser presa. Isso demonstra
que é enganosa a idéia de que o
presidiário é um eterno desocupado a espreita de cometer um crime", diz o relatório da pesquisa.
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