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Pena alternativa evita problema social
da Reportagem Local
Uma outra pesquisa, dessa vez
com pessoas que estão cumprindo
penas alternativas em São Paulo,
mostra que esse tipo de prestação
de serviço proporciona que 76,4%
dos condenados continuem trabalhando -ao contrário das detentas encaminhadas ao regime fechado.
A pena alternativa leva o Estado
a diminuir o gasto com o preso,
que não tem de ser mantido na penitenciária, e evita o surgimento
de um novo problema: a inviabilidade de manutenção econômica
da família do preso confinado.
O levantamento foi feito com 72
das 304 pessoas condenadas a penas alternativas em São Paulo,
desde outubro do ano passado.
O trabalho foi coordenado pelo
Ilanud -órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) que trata da violência- com apoio da Secretaria da Administração Penitenciária e da Secretaria de Relações do Trabalho.
A proporção dos prestadores de
serviço desempregados (19,4%) é
próxima ao número de pessoas
sem emprego na Grande São Paulo (18,9%, segundo o Seade).
"Esses dados mostram que a pena alternativa evita um problema
social maior. Se pessoa estivesse
presa, estaria afetando a família",
diz o pesquisador do Ilanud, o sociólogo Tulio Kahn.
Dados da pesquisa mostram que
51,8% dos condenados à prestação
de serviços são casados ou "vivem
com alguém" e que 29,2% deles
são responsáveis por toda a renda
familiar -um quarto dos entrevistados tem renda familiar acima
de dez salários mínimos: R$ 1.300.
Perfil
A pesquisa mostra que a maioria
dos condenados a penas alternativas é do sexo masculino (85,5%) e
tem entre 29 e 48 anos (65,7%).
No entanto, o número de mulheres submetidas a uma pena aumenta em relação ao regime fechado. O regime fechado abriga
cerca de 3% de mulheres; as penas
alternativas são cumpridas por
14,5% de mulheres.
Essa alternativa de pena aponta
para um perfil diferenciado dos
réus. Os condenados com curso
médio completo ou com universitário (completo ou não) somam
25,1%. A minoria (37,4%) não tem
concluiu o ensino fundamental.
"As penas alternativas, na verdade, acabam punindo aqueles
que não ingressariam no sistema
prisional fechado", afirmou Kahn.
Segundo o Ilanud, o custo da pena alternativa é reduzido. Em São
Paulo, o custo médio do preso no
regime fechado é de R$ 620. "O
prestador de serviço custa ao Estado meio salário mínimo."
Enquanto no regime fechado há
necessidade de um funcionário
para três presos, no sistema de pena alternativa um assistente social
se encarrega de 50 prestadores de
serviço.
(AL)
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