São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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CRISE
Em greve há 13 dias, funcionários municipais estão com 2 meses de salário para receber; hospitais só atendem emergências
Atraso nos pagamentos pára Guarulhos

Cleo Velleda/Folha Imagem
Barraca montada em frente à prefeitura de Guarulhos, onde o vice-prefeito, Jovino Cândido (PV), está despachando


MALU GASPAR
da Reportagem Local

Dois meses de atraso no pagamento dos salários dos servidores municipais de Guarulhos (Grande São Paulo), o segundo maior município do Estado, fizeram a cidade parar.
Em greve há 13 dias, os funcionários municipais paralisaram escolas, setores administrativos, de obras e de limpeza pública. Os hospitais municipais atendem apenas emergências.
No comércio de Guarulhos, o número de consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) caiu 19,6% no último mês, segundo dados da associação comercial. "O comércio praticamente parou. Só quem vende alguma coisa são as lojas de artigos populares", diz Eldon Luiz Fiorin, economista da entidade.
A vendedora de roupas e jóias Fátima Elias Moraes, cujos clientes são principalmente funcionários municipais, afirma que tem cerca de R$ 4.000 a receber de seis desses clientes, que não pagam desde abril. "Nunca vi a situação ficar tão ruim como neste governo", diz ela, que também já foi funcionária da prefeitura.
Segundo o cálculo do sindicato dos servidores municipais, de 80% a 95% dos 11 mil funcionários aderiram à greve.
Para o prefeito Néfi Tales (PDT), a adesão não passou de 20%. Além da crise do funcionalismo, Tales enfrenta também uma crise política (leia texto nesta página). Ontem, ele propôs o pagamento dos cerca de R$ 30 milhões em salários atrasados em três parcelas.
"Foi a primeira proposta oficial e a melhor que pudemos conseguir", diz o presidente do sindicato, Pedro Moyzes de Souza Pinto. Em assembléia hoje, às 10h, os funcionários decidem se voltam ao trabalho.

Parados
Em parte das escolas municipais, que deveriam ter retomado as aulas ontem, não houve aulas. A Secretaria Municipal da Educação afirmou não ter estimativa de quantas escolas pararam.
A Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) da Emília, na periferia da cidade, por exemplo, ficou fechada ontem. Nem o guarda municipal que fazia a vigilância estava de plantão ontem, à tarde.
Os dois principais hospitais municipais só estão atendendo emergências. No HMU (Hospital Municipal de Urgências), um funcionário, que não quis se identificar, disse que só está sendo feito o atendimento essencial.
A Santa Casa de Guarulhos, onde há um mês morreram cinco bebês que estavam internados na UTI neonatal, também só atende emergências, mas, segundo o chefe da divisão administrativa, Maurício Segantini, não é por causa da greve. Ele não quis dar detalhes sobre a situação do hospital.



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