São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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EDUCAÇÃO
Vilhena ocupa posto de manhã, mas é obrigado a deixá-lo sob vaias e tentativas de agressão dos manifestantes
Reitor da UFRJ é expulso de seu gabinete

free-lance para a Folha

Cerca de cem manifestantes -entre estudantes e funcionários- obrigaram, ontem à tarde, o novo reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), José Vilhena, a deixar o gabinete que ocupara de manhã, no campus da Praia Vermelha (zona sul).
Vilhena deixou o local escoltado por seguranças. Ele saiu sob fortes vaias do grupo. Houve tumulto e tentativas de agressão ao reitor.
O carro utilizado por ele para sair foi alvo de socos e teve o vidro traseiro quebrado.
O reitor havia conseguido entrar no gabinete, localizado no prédio do Fórum de Ciência e Cultura, por volta das 8h10, acompanhado de pelo menos 30 seguranças da empresa particular Vigibrás, segundo os manifestantes.
Logo que a notícia se espalhou, estudantes e servidores da universidade começaram a se aglomerar nas entradas do prédio.
As duas saídas do gabinete, que fica no segundo andar, foram bloqueadas pelos manifestantes. Uma das portas foi arrombada e eles entraram em confronto com os seguranças.
Segundo um dos coordenadores do Sintufrj (Sindicato do Trabalhadores em Educação da UFRJ), Roberto Gambini, os seguranças teriam chegado armados e portando cassetetes. Ele disse que alguns estudantes foram agredidos. Os seguranças se recusaram a falar.
No início da tarde, Vilhena chegou a se reunir com os manifestantes em um auditório, mas o tumulto recomeçou. O reitor disse que o que estava acontecendo era uma reação emocional.
A saída de Vilhena foi negociada por alguns representantes do sindicato, da Adufrj (Associação de Docentes da UFRJ), estudantes e parlamentares.
O reitor disse que permaneceria no local até as 17h, mas às 15h25 os estudantes deram um ultimato para que ele deixasse o prédio em dez minutos. Cerca de 15 minutos depois do ultimato, Vilhena saiu.
Para o presidente da Adufrj, Roberto Leher, a ida de Vilhena para o campus foi uma tentativa de afirmar sua autoridade.
Até o final da tarde, o reitor não havia sido localizado para falar sobre sua retirada.
Vilhena foi nomeado pelo MEC (Ministério da Educação) no dia 7 de julho. No mesmo dia, a reitoria (no campus da ilha do Fundão, na zona norte) foi ocupada por estudantes e servidores que permanecem até hoje no local.
O movimento contra a posse do novo reitor, considerada uma intervenção na autonomia da UFRJ, conta com o apoio de 40 das 47 unidades universitárias.
Elas querem a renúncia de Vilhena e a nomeação do candidato Aloísio Teixeira, o mais votado pelo colégio eleitoral da universidade e cujo nome integrou a lista tríplice enviada ao governo para a nomeação do novo reitor.
A ocupação do prédio da reitoria no Fundão foi reforçada ontem. Decanos e diretores de unidades fariam um reunião ontem à noite para discutir os próximos passos.



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