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EDUCAÇÃO
Vilhena ocupa posto de manhã, mas é obrigado a deixá-lo sob vaias e tentativas de agressão dos manifestantes
Reitor da UFRJ é expulso de seu gabinete
free-lance para a Folha
Cerca de cem manifestantes
-entre estudantes e funcionários- obrigaram, ontem à tarde,
o novo reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),
José Vilhena, a deixar o gabinete
que ocupara de manhã, no campus da Praia Vermelha (zona sul).
Vilhena deixou o local escoltado
por seguranças. Ele saiu sob fortes
vaias do grupo. Houve tumulto e
tentativas de agressão ao reitor.
O carro utilizado por ele para
sair foi alvo de socos e teve o vidro
traseiro quebrado.
O reitor havia conseguido entrar
no gabinete, localizado no prédio
do Fórum de Ciência e Cultura,
por volta das 8h10, acompanhado
de pelo menos 30 seguranças da
empresa particular Vigibrás, segundo os manifestantes.
Logo que a notícia se espalhou,
estudantes e servidores da universidade começaram a se aglomerar
nas entradas do prédio.
As duas saídas do gabinete, que
fica no segundo andar, foram bloqueadas pelos manifestantes. Uma
das portas foi arrombada e eles entraram em confronto com os seguranças.
Segundo um dos coordenadores
do Sintufrj (Sindicato do Trabalhadores em Educação da UFRJ),
Roberto Gambini, os seguranças
teriam chegado armados e portando cassetetes. Ele disse que alguns
estudantes foram agredidos. Os
seguranças se recusaram a falar.
No início da tarde, Vilhena chegou a se reunir com os manifestantes em um auditório, mas o tumulto recomeçou. O reitor disse
que o que estava acontecendo era
uma reação emocional.
A saída de Vilhena foi negociada
por alguns representantes do sindicato, da Adufrj (Associação de
Docentes da UFRJ), estudantes e
parlamentares.
O reitor disse que permaneceria
no local até as 17h, mas às 15h25 os
estudantes deram um ultimato para que ele deixasse o prédio em dez
minutos. Cerca de 15 minutos depois do ultimato, Vilhena saiu.
Para o presidente da Adufrj, Roberto Leher, a ida de Vilhena para
o campus foi uma tentativa de
afirmar sua autoridade.
Até o final da tarde, o reitor não
havia sido localizado para falar sobre sua retirada.
Vilhena foi nomeado pelo MEC
(Ministério da Educação) no dia 7
de julho. No mesmo dia, a reitoria
(no campus da ilha do Fundão, na
zona norte) foi ocupada por estudantes e servidores que permanecem até hoje no local.
O movimento contra a posse do
novo reitor, considerada uma intervenção na autonomia da UFRJ,
conta com o apoio de 40 das 47
unidades universitárias.
Elas querem a renúncia de Vilhena e a nomeação do candidato
Aloísio Teixeira, o mais votado
pelo colégio eleitoral da universidade e cujo nome integrou a lista
tríplice enviada ao governo para a
nomeação do novo reitor.
A ocupação do prédio da reitoria
no Fundão foi reforçada ontem.
Decanos e diretores de unidades
fariam um reunião ontem à noite
para discutir os próximos passos.
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