São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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ACIDENTE
Efeitos do desastre foram agravados por falta de estrutura para conter vazamento
Óleo chega a todas as praias de Santos

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

O óleo que vazou na madrugada de domingo do navio Smyrni Limassol (bandeira cipriota) chegou ontem a todas as praias de Santos (SP), numa faixa de 7 quilômetros de extensão.
Uma camada espessa e viscosa de óleo combustível trazido pela maré, com largura entre três e cinco metros, tingiu de negro toda a faixa de areia em Santos, da praia do José Menino à Ponta da Praia.
A Cetesb (agência ambiental paulista) informou, no final da tarde, que a quantidade de óleo que caiu no mar é de, no máximo, cem toneladas, capacidade do tanque do navio que se rompeu.
O diretor de Controle de Poluição Ambiental da Cetesb, Armando Schalders Neto, estimou em 40 toneladas o total que vazou.
Segundo informação da Cetesb, o maior derramamento de óleo no litoral da Baixada Santista ocorreu em 1984, quando 420 toneladas vazaram da barcaça Gisela.
O vazamento do último domingo ocorreu às 5h50, depois que o navio Elisabeth Rickmers (bandeira de Antígua) se chocou, no momento em que chegava ao porto de Santos, com o Smyrni Limassol, que se encontrava atracado.
O impacto provocou um rasgo na lateral do Smyrni de cerca de seis metros de diâmetro. O choque atingiu o tanque número 4, por onde o óleo começou a vazar.
As ações para a contenção da mancha de óleo no mar levaram pelo menos sete horas para se iniciar e continuarão hoje.
Os trabalhos estão sendo feitos com equipamento da Petrobrás, que exigiu que alguém se responsabilizasse pelas despesas antes de cedê-lo. A autorização do armador (proprietário) do navio Elisabeth Rickmers, para que o serviço fosse efetuado só chegou às 13h de ontem, informou Nunes.
Nesse horário, conforme constatou a reportagem da Agência Folha, o óleo já havia atingido pelo menos a praia da Ponta da Praia, em Santos.
"Lamentavelmente, não temos no porto de Santos, o maior da América Latina, uma estrutura adequada, pronta, para atender uma emergência como essa", afirmou William Nunes.
Além das praias de Santos, o óleo alcançou também as praias da Pouca Farinha e do Góes, ambas no Guarujá, situadas na margem esquerda do canal do estuário.
Manchas de óleo também apareceram no canal de Bertioga, mas, segundo a Cetesb, até ontem não havia constatação de comprometimento dos manguezais.
A prefeitura da cidade iria iniciar na tarde de ontem a remoção do óleo da praia, segundo informou o presidente da empresa Prodesan (Progresso e Desenvolvimento de Santos), Delchi Migotto.
A areia atingida será raspada com máquinas e retirada.



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