São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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BARBARA GANCIA

Colunista mexe no vespeiro da CIA

Muita gente se pergunta como o serviço de inteligência norte-americano pôde ter sido pego de calças curtas pelos atentados ao World Trade Center e ao Pentágono.
Na última quarta, George W. Bush declarou ter plena confiança na CIA. Não sei, não. Ao longo dos anos 70, o Irã só perdia para Israel em apoio financeiro e bélico fornecido pelos EUA. Mesmo assim, lá de Paris, o aiatolá Khomeini colocou o xá para correr, sem que os americanos tivessem tempo de dizer "Ciro da Pérsia".
São tantos anos escrevendo esta coluna que não me recordo se já contei a história da minha colega de classe que era filha de um agente da CIA. Pois bem, quando eu era guria, um de meus passatempos favoritos era o trote telefônico. Um dia, depois das aulas na Escola Britânica, fui para a casa de uma colega que, hoje, é minha comadre. Depois do nosso lanche, resolvemos passar um trote na Janet (acho que esse era o nome dela). Pra quê?
Meia hora depois, a Polícia Federal batia na porta, querendo saber o que estava acontecendo. A mãe da minha amiga quase foi levada para prestar esclarecimentos no Dops.
Eram os tempos do regime militar, e nós não tínhamos idéia de que estávamos brincando com fogo. O pai da tal da Janet, que acreditávamos ser funcionário de alguma Gessy Lever da vida, era, na verdade, agente da CIA. Meses depois, ele foi transferido para a Libéria, não em razão de nossa troça telefônica, tenho certeza.
Quando Khomeini tomou o poder, voltei a pensar no pai da Janet. Lembro que ele e a mulher nunca aprenderam o português. Eram sócios do SPAC, o São Paulo Athletic Club, que é frequentado por estrangeiros. Os filhos estudavam no colégio inglês, e a vida social deles girava em torno da comunidade anglo-americana.
Pergunto: que tipo de relatório um sujeito com esse grau de desconhecimento do nosso país seria capaz de enviar ao quartel-general da CIA, em Langley, Virginia?

Quem acha que a intenção dos EUA é promover uma guerra contra o islã deveria lembrar que, nas duas intervenções militares anteriores, os americanos tentaram salvar da ira cristã os muçulmanos da Bósnia e de Kosovo.

E se o presidente agora fosse o Al Gore? Arrisco dizer que todos os dias ele faria questão de lembrar ao eleitor que sempre apoiou o uso de energias alternativas ao petróleo.



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