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BARBARA GANCIA
Colunista mexe no vespeiro da CIA
Muita gente se pergunta
como o serviço de inteligência norte-americano pôde ter
sido pego de calças curtas pelos
atentados ao World Trade Center
e ao Pentágono.
Na última quarta, George W.
Bush declarou ter plena confiança na CIA. Não sei, não. Ao longo
dos anos 70, o Irã só perdia para
Israel em apoio financeiro e bélico
fornecido pelos EUA. Mesmo assim, lá de Paris, o aiatolá Khomeini colocou o xá para correr,
sem que os americanos tivessem
tempo de dizer "Ciro da Pérsia".
São tantos anos escrevendo esta
coluna que não me recordo se já
contei a história da minha colega
de classe que era filha de um
agente da CIA. Pois bem, quando
eu era guria, um de meus passatempos favoritos era o trote telefônico. Um dia, depois das aulas na
Escola Britânica, fui para a casa
de uma colega que, hoje, é minha
comadre. Depois do nosso lanche,
resolvemos passar um trote na Janet (acho que esse era o nome dela). Pra quê?
Meia hora depois, a Polícia Federal batia na porta, querendo
saber o que estava acontecendo.
A mãe da minha amiga quase foi
levada para prestar esclarecimentos no Dops.
Eram os tempos do regime militar, e nós não tínhamos idéia de
que estávamos brincando com fogo. O pai da tal da Janet, que
acreditávamos ser funcionário de
alguma Gessy Lever da vida, era,
na verdade, agente da CIA. Meses
depois, ele foi transferido para a
Libéria, não em razão de nossa
troça telefônica, tenho certeza.
Quando Khomeini tomou o poder, voltei a pensar no pai da Janet. Lembro que ele e a mulher
nunca aprenderam o português.
Eram sócios do SPAC, o São Paulo Athletic Club, que é frequentado por estrangeiros. Os filhos estudavam no colégio inglês, e a vida
social deles girava em torno da
comunidade anglo-americana.
Pergunto: que tipo de relatório
um sujeito com esse grau de desconhecimento do nosso país seria
capaz de enviar ao quartel-general da CIA, em Langley, Virginia?
Quem acha que a intenção dos
EUA é promover uma guerra contra o islã deveria lembrar que, nas
duas intervenções militares anteriores, os americanos tentaram
salvar da ira cristã os muçulmanos da Bósnia e de Kosovo.
E se o presidente agora fosse o Al
Gore? Arrisco dizer que todos os
dias ele faria questão de lembrar
ao eleitor que sempre apoiou o
uso de energias alternativas ao
petróleo.
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