São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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CASO ABRAVANEL

Informação consta de relatório da Corregedoria da Polícia Civil sobre tiroteio no flat
Mortos estavam com dinheiro

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais um mistério no caso do sequestro do apresentador de TV Silvio Santos: os dois policiais civis mortos tentando prender o sequestrador Fernando Dutra Pinto e que aprenderam o resgate pago estavam com ""grande quantia em dinheiro", segundo relatório da Corregedoria da Polícia Civil.
"Estarrece ainda a informação que veio aos autos que, no bolso dos policiais mortos, bem como no quarto onde foi encontrado o sobrevivente, fora vista grande quantia em dinheiro", consta do documento assinado pelos delegados José Eduardo Ielo e Gilberto Peranovich e enviado para o Conselho da Polícia Civil.
Oficialmente, o valor do resgate recuperado, R$ 464 mil dos R$ 500 mil pagos, havia sido levado pelo delegado Armando Béllio, então titular do 91º DP (Ceasa), uma hora e meia antes do confronto no 10º andar do flat L'Etoile, em Barueri (Grande SP).
O dinheiro citado pela Corregedoria não foi recolhido. Segundo a Folha apurou, policiais da Deas (Delegacia Anti-Sequestro), que chegaram logo depois do tiroteio, viram as notas e relataram o fato à Corregedoria. "O dinheiro não [foi] apreendido, ao que consta, visto o local não ter sido preservado", está no texto.
A novidade não surpreendeu as advogadas de Dutra Pinto, Simone Badan Caparroz e Maura Marques. ""Desde o começo, o Fernando vem dizendo que gastou apenas R$ 1.000 do resgate e que um dos homens que o rendeu perguntou sobre o resto do dinheiro", disse Simone. Até aquele dia, não se sabia o valor do resgate.
Segundo as advogadas, Dutra Pinto não assassinou os policiais.
O relatório cita ainda que a pistola do policial Paulo Tamotsu Tamaki desapareceu, apesar de Nardis ter dito à Folha que se defendeu com ela e a levou consigo para o quarto, ao se trancar para se proteger. Ferido, desmaiou e diz não ter visto mais a arma.
Na semana passada, outra constatação da polícia complicou o caso: amostras de sangue, analisadas pela perícia, indicaram que uma quinta pessoa esteve no 10º andar do flat naquela tarde do dia 28 de agosto, fora os policiais Tamaki e Marcos Amorim Bezerra -mortos-, o agente Reginaldo Nardis e o sequestrador.
As investigações sobre o tiroteio estão em sigilo, por ordem do secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi. Ontem, por meio de sua assessoria, ele disse que irá falar sobre o caso após o fim do inquérito.
A Corregedoria pediu a abertura de processo administrativo -fase que pode levar à demissão- contra Béllio. Ele não foi localizado ontem pela Folha.
""Falar é fácil. Quero ver é provar que tinha dinheiro ali. Se tinha, por que ninguém preservou o local? O delegado levou tudo. Nós estávamos ali pensando que iríamos fazer uma boa prisão", disse o agente policial Nardis.
O delegado Marcelo José do Prado, de Barueri, que chegou no final do tiroteio, após a equipe da Deas, nega ter visto dinheiro. "Se fosse assim, eu teria apreendido, como fizemos com R$ 11 que tinha no bolso do Marcos e R$ 21 no de Tamaki." Prado recebeu, em um saco plástico, as armas apreendidas por outros policiais.


Colaborou o "Agora"

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