|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
UNIVERSIDADES FEDERAIS
Medida foi anunciada por Paulo Renato Souza (Educação) durante reunião ontem com reitores
Ministro afirma que não pagará grevistas
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os servidores públicos e os professores das universidades federais, em greve há mais de um mês,
não irão receber o salário de setembro. O anúncio foi feito pelo
ministro Paulo Renato Souza em
reunião com os reitores ontem,
um dia após o início dos diálogos
com os líderes dos grevistas.
Segundo os sindicatos, os representantes legais dos servidores e
dos professores já apresentaram
um pedido de medida cautelar na
Justiça Federal de Brasília para
evitar a suspensão do pagamento.
"Não está havendo corte de
ponto, está havendo uma retenção do pagamento. Tão logo a
greve termine, o pagamento será
feito", disse o ministro.
As folhas de pagamento dos servidores ativos e dos inativos
-que receberão regularmente-
estão separadas desde agosto. Segundo o ministério, as universidades que informaram as faltas
poderão pagar os servidores que
não fizeram greve.
Anteontem, o ministro concordou em instalar grupos temáticos
para debater as principais reivindicações dos grevistas: a manutenção do regime jurídico único
para novas contratações, a incorporação das gratificações nos salários e o reajuste de 75,48%.
O Ministério da Educação gasta
R$ 360 milhões mensais com as
despesas de pessoal. Segundo o
Ministério do Planejamento, não
há verba para conceder o aumento reivindicado pela categoria.
"É uma traição do acordo", disse Roberto Leher, presidente da
Andes (Sindicato Nacional dos
Docentes do Ensino Superior).
Ele afirmou estar surpreso com a
decisão do ministro porque o assunto não foi discutido na audiência de anteontem.
Segundo o ministro, a retenção
salarial não foi debatida no encontro porque trata-se de questão
legal. Segundo um decreto presidencial de 1995, a paralisação por
parte de servidores públicos federais impede o pagamento de abonos e compensação e o período
não pode ser computado para
tempo de serviço.
Para o ministério, o decreto é
válido até que seja elaborada a regulamentação de greve de servidores públicos. O governo quer
negociar ainda a reposição das
aulas perdidas nos dias de greve.
"O ministro vai se desmoralizar
porque vai ter de fazer o pagamento e porque vai perder sua palavra para negociar no futuro",
afirmou Leher. Segundo ele, o Judiciário não permitiu a suspensão
dos salários na greve de 2000.
Proposta
Durante a reunião dos reitores,
Paulo Renato propôs um sistema
de previdência complementar
-com um fundo de pensão-
para os professores e servidores
que forem contratados no futuro.
Sem a garantia de salário integral na aposentadoria, ele concordaria em manter os outros pontos
do regime jurídico único.
Texto Anterior: Multa: Estrangeiro em débito não poderá entrar no país Próximo Texto: Retenção salarial causa protestos Índice
|