LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Inspeção da Vigilância Sanitária no Hospital de Olhos Diógenes Martins Pinto, de Passo Fundo (RS), onde quatro pacientes perderam o olho após cirurgia de catarata, mostra que o local não seguia padrões adequados de higiene, além de deficiências no controle de infecções.
De acordo com relatório preliminar da Vigilância do Rio Grande do Sul, o hospital não pratica um programa de controle de infecções hospitalares, tem medicamentos vencidos e procede inadequadamente na desinfecção e esterilização dos equipamentos.
No último dia 6, os pacientes Antônia Nazi de Oliveira Santos, 61, Celestina Maria Renosto, 45, Manoel Gonçalves, 88, e José Carlos Martins da Silva, 54, perderam o olho operado depois de uma cirurgia de catarata.
Laudo do laboratório de microbiologia da UPF (Universidade de Passo Fundo) revelou que os quatro pacientes foram atingidos pela bactéria Escherichia coli, normalmente encontrada no intestino, mas que se propaga com facilidade. A bactéria causa infecção e pode destruir rapidamente o tecido provocando danos irreversíveis.
Uma das primeiras medidas da Vigilância Sanitária foi interditar o local para cirurgias. O órgão também constatou que o hospital não seguia suas orientações para esterilização do material cirúrgico. Havia colírios, material anestésico e fios de sutura com prazo de validade vencidos.
Foi verificado também que a pia usada para lavar as mãos antes das cirurgias é a mesma que serve para limpeza dos materiais.

Outro lado
O assessor jurídico do hospital, Alcides Roque, afirmou que o estabelecimento fará algumas adequações para ""aprimoramento", mas ressalvou não acreditar que as constatações da Vigilância Sanitária tenham sido a causa da perda dos olhos dos pacientes.
Segundo ele, outras cirurgias iguais foram realizadas com sucesso nas mesmas circunstâncias. Ele disse também que vai contestar as conclusões do órgão.


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