São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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EDUCAÇÃO

Problemas de carga horária, currículo e formação de docentes são razões apontadas para explicar desempenho da elite nacional

Especialistas apontam falhas estruturais

DA SUCURSAL DO RIO

Carga horária menor, problemas de currículo e falta de preparo dos professores foram razões citadas por especialistas ouvidos pela Folha para explicar o desempenho dos alunos mais ricos brasileiros no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Apenas 21% dos alunos da elite brasileira conseguiram notas que os colocavam nos níveis mais avançados de aprendizado.
De acordo com o pesquisador Creso Franco, do Departamento de Educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, as escolas brasileiras podem estar ensinando conteúdos defasados em relação às escolas dos outros países.
"Há uma ênfase muito grande nos aspectos normativos e nas regras gramaticais. As escolas precisam colocar o aluno mais em contato com os mais diversos formatos de texto, e essa não pode ser uma tarefa exclusiva do professor de português", afirmou Creso Franco, que coordenou o estudo.
Eloísa Ponzio, coordenadora de projetos especiais do Pueri Domus Escolas Associadas, de São Paulo, cita também a dificuldade de trabalhar novos conceitos com os professores. "O professor de hoje foi formado em uma escola que privilegiava o resultado, ou seja, que dava ênfase nas provas sem se preocupar com o processo de leitura e escrita dos alunos."
O educador Hubert Alquéres, que foi secretário-adjunto da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo no governo Mário Covas, cita outro fator que pode ajudar a explicar o desempenho dos alunos de elite brasileiros.
"Observei visitando algumas das melhores escolas do Japão, dos Estados Unidos e da Inglaterra que, na maioria dos casos, os alunos estudam em período integral desde os quatro anos de idade e pagam anualidades de R$ 70 mil", afirma Alquéres.
Ele diz, no entanto, que há escolas de elite no Brasil com padrões de ensino semelhantes aos das melhores escolas em países desenvolvidos.
"É complicado generalizar. A escola de elite no Brasil é um universo muito pequeno e diversificado", diz.


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