|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Problemas de carga horária, currículo e formação de docentes são razões apontadas para explicar desempenho da elite nacional
Especialistas apontam falhas estruturais
DA SUCURSAL DO RIO
Carga horária menor, problemas de currículo e falta de preparo dos professores foram razões
citadas por especialistas ouvidos
pela Folha para explicar o desempenho dos alunos mais ricos brasileiros no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos).
Apenas 21% dos alunos da elite
brasileira conseguiram notas que
os colocavam nos níveis mais
avançados de aprendizado.
De acordo com o pesquisador
Creso Franco, do Departamento
de Educação da PUC (Pontifícia
Universidade Católica) do Rio de
Janeiro, as escolas brasileiras podem estar ensinando conteúdos
defasados em relação às escolas
dos outros países.
"Há uma ênfase muito grande
nos aspectos normativos e nas regras gramaticais. As escolas precisam colocar o aluno mais em contato com os mais diversos formatos de texto, e essa não pode ser
uma tarefa exclusiva do professor
de português", afirmou Creso
Franco, que coordenou o estudo.
Eloísa Ponzio, coordenadora de
projetos especiais do Pueri Domus Escolas Associadas, de São
Paulo, cita também a dificuldade
de trabalhar novos conceitos com
os professores. "O professor de
hoje foi formado em uma escola
que privilegiava o resultado, ou
seja, que dava ênfase nas provas
sem se preocupar com o processo
de leitura e escrita dos alunos."
O educador Hubert Alquéres,
que foi secretário-adjunto da Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo no governo Mário
Covas, cita outro fator que pode
ajudar a explicar o desempenho
dos alunos de elite brasileiros.
"Observei visitando algumas
das melhores escolas do Japão,
dos Estados Unidos e da Inglaterra que, na maioria dos casos, os
alunos estudam em período integral desde os quatro anos de idade
e pagam anualidades de R$ 70
mil", afirma Alquéres.
Ele diz, no entanto, que há escolas de elite no Brasil com padrões
de ensino semelhantes aos das
melhores escolas em países desenvolvidos.
"É complicado generalizar. A
escola de elite no Brasil é um universo muito pequeno e diversificado", diz.
Texto Anterior: Exame avalia alunos de 15 anos Próximo Texto: Letras Jurídicas - Walter Ceneviva: Teoria da guerra nos limites do Direito Índice
|