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Ministério Público pede exumação do corpo de preso morto na PF
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Um pedido para a exumação do
cadáver do auxiliar de cozinha
Antônio Gonçalves de Abreu, 34,
foi encaminhado ontem pelo Ministério Público Federal à 2ª Vara
Criminal da Justiça Federal no
Rio. "O laudo de exame cadavérico é incompleto", diz a petição.
Acusado de participar do assassinato de um agente federal,
Abreu foi preso em 8 de setembro
e morreu, no Hospital Souza
Aguiar, em decorrência de traumatismo craniano, após ter passado a noite na carceragem da Superintendência da Polícia Federal
no Rio. A suposta prática por policiais federais dos crimes de tortura e homicídio está sendo investigada na superintendência e pelo
Ministério Público Federal.
O grupo Tortura Nunca Mais
anunciou que enviará documento
ao Ministério da Justiça, à Secretaria Nacional de Direitos Humanos e à direção da PF em Brasília
pedindo a designação de um delegado de fora do Rio para presidir
o inquérito. "Acho que, como [o
delegado Lorenzo da Hora" está
investigando colegas, isso o tranquilizaria", disse o advogado do
grupo, Paulo Henrique Fagundes.
Segundo o delegado, o inquérito está sendo concluído, mas ainda não foram ouvidos os outros
acusados pela morte do agente
Gustavo Mayer Moreira, presos
com Abreu: Samuel Dias de Cerqueira e Márcio Cerqueira Gomes. Sobre a hipótese de ser designado outro delegado para investigar o caso, Hora disse: "Se
houve tortura de agentes, pode ter
certeza de que eles serão punidos". Dois delegados e 17 agentes
já foram afastados pela PF.
O advogado criticou a portaria
de abertura de inquérito, que considera que "a luta corporal entre
os acautelados Samuel Dias Cerqueira e Antônio Gonçalves de
Abreu" teria causado a morte.
"Os dois estavam algemados,
em celas separadas e Samuel estava ferido. Como é que ele teria batido no Antônio até morrer? Por
que o Antônio não reagiu, se chegou na PF ileso?", perguntou Fagundes. Segundo ele, uma questão a ser respondida com a exumação do corpo é se Abreu apanhou com algum instrumento.
Ele disse que foi Cerqueira quem
acusou a suposta tortura.
O procurador da República Daniel Sarmento disse que também
será apurado o suposto crime de
falsidade ideológica. "A PF diz
que Antônio se negou a assinar a
Nota de Ciência das Garantias
Constitucionais e que teria sido
ouvido por volta das 15h20. A essa
hora, ele já estava em coma no
Souza Aguiar", afirmou.
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