DA REPORTAGEM LOCAL

O cenário é o mesmo de uma feira de animais tradicional: pelos corredores da exposição, cachorros e gatos esperam se tornar o mais novo membro da família de um visitante que não consiga resistir aos seus encantos. Mas, nesse caso, as aparências enganam.
No lugar dos filhotes de pedigree, caríssimos, estão bichos de todas as idades, quase todos vira-latas. Em vez do estímulo à compra por impulso, os expositores conversam longamente com os candidatos a dono, perguntam por que querem ter um bicho de estimação, se estão preparados para conviver e terão condições de cuidar dele e, quando não os consideram qualificados, acham um meio educado de não lhes entregar o animal, que custa R$ 15.
É assim que funciona a Feira de Doação de Cães e Gatos SRD (sem raça definida) organizada desde dezembro de 2000 pelas veterinárias Rosana Simon Halasz, 35, e Viviane Takagi Cetrone, 24. Hoje e amanhã, das 9h às 17h, no parque da Água Branca (Perdizes, zona oeste de SP), elas tentam, em parceria com associações protetoras de animais e pessoas que recolhem bichos abandonados, encontrar uma nova casa para cerca de 280 cachorros e 70 gatos.
A adoção é regida pelos princípios da posse responsável. Além de ter de passar pelo crivo do doador e responder a um questionário, quem quiser levar um bicho precisa ainda ter mais de 18 anos, apresentar RG e comprovante de residência e assinar um termo de responsabilidade. "Nós estamos aqui para melhorar a vida de bichos que já sofreram muito, não para nos livrarmos deles", afirma Rosana. Em média, cem animais foram adotados em cada uma das quatro feiras realizadas por ano.
A professora Sônia Regina, 48, participa como doadora desde o primeiro evento e, dessa vez, leva 24 cachorros "órfãos", todos filhotes. "Eu fico com saudades quando vejo eles irem embora, mas sei que é o melhor", diz.