São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Melhor escola de lata credita nota a aulas extras

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem o calor excessivo nem a falta de espaço de um colégio de latinha foram suficientes para que os alunos da escola municipal de ensino fundamental Rogê Ferreira, no Jardim Panamericano, zona norte da cidade, desanimassem da escola.
Não só não desanimaram como levaram os estudos a sério e conseguiram a maior pontuação na Prova Brasil entre as escolas de lata e também entre as unidades dos CEUs.
Com 190,48 pontos em português e 196,87 em matemática, seus estudantes da 4ª série também superaram a média nacional (172,91 e 179,98 pontos, respectivamente).
O sucesso, afirma o diretor da unidade, Fernando José Mendonça de Araújo, acontece por vários fatores, mas, principalmente, pelo fato de o corpo docente ser fixo e de o projeto da escola nunca ter se limitado à estrutura física.
"Mesmo em uma escola de lata, tínhamos várias atividades, como ateliê de artes e coral", conta. "A falta de um espaço adequado nunca foi desculpa para não realizarmos um trabalho sério e dedicado."
As crianças na Rogê Ferreira são alfabetizadas ao mesmo tempo em que aprendem a ler uma partitura, e a vontade de conhecer determinada música faz com que tenham mais empenho na alfabetização. "Uma coisa puxa a outra, e elas vão aprendendo sem traumas", diz Araújo. "Adotamos a técnica há alguns anos, e tem dado certo."
Um projeto pedagógico consistente, que superasse as limitações de infra-estrutura, só foi possível, afirma, porque os professores eram titulares. "Quando o corpo docente não muda toda hora, é muito mais fácil montar uma proposta a longo prazo e colocá-la em prática. É assim que os bons resultados aparecem."
Outra tática da escola é a de acompanhar de perto, com atendimento individual, os estudantes que apresentam algum tipo de defasagem. "Temos uma sala especial, com uma professora preparada, para aqueles que estão com alguma dificuldade. Um aluno não pode ir para um novo tópico da matéria se não entendeu direito o anterior."

Violino e letreiro
Estudando em uma escola de latinha durante anos, apenas em fevereiro os alunos da Rogê Ferreira ganharam um colégio de alvenaria. Que também não é como os outros. Logo na entrada, há um letreiro luminoso com recados dirigidos aos pais, como as atividades extra-classe que ocorrerão no mês.
"A interação com a comunidade é fundamental. Ela é nossa parceira, e não podemos deixá-la de fora do processo", diz o diretor. "Aqui, fazemos questão de que os pais participem."
Na parte de dentro da nova escola, mais surpresas: a sala de música conta com três violinos, recém-adquiridos, além de teclados e violões. "Está melhor estudar aqui, tem muito mais espaço, e a biblioteca é melhor", diz Gian, 11, da 4ª série, que adora as aulas de português. "Vai dar para aprender ainda mais." (DT)


Texto Anterior: Notas não são surpresa, diz secretária
Próximo Texto: MEC quer disseminar no país modelo adotado por colégio com maior notas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.