TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Roberto era o cantor mais requisitado da igreja Nossa Senhora Aparecida, em Moema (zona sul de São Paulo). Era ele quem cantava a "Ave Maria" dos casamentos de sábado e o "Pai Nosso" das duas missas dominicais.
Sua voz potente de tenor emocionava os que ouviam e arrebatava os corações de algumas fiéis. Uma, no alto de seus 80 anos, apaixonou-se e só ia à igreja enfeitada e maquiada. Outra, casada, mandava para a casa do cantor cestas de café da manhã, conta o amigo Sérgio Palharini. A paixão pela cantoria começou quando ele se mudou de Laranjal Paulista (interior de SP) para a capital, aos 19.
Passou a frequentar a igreja de Moema e o cantor da missa percebeu o seu talento. Lá cantou por mais de 30 anos, nos intervalos do trabalho em uma empresa de contabilidade. No tempo vago, Roberto entoava Roberto Carlos e ouvia música erudita.
Aos pedidos dos amigos para que gravasse um disco, ele sempre respondia: "Depois eu gravo". Não deu tempo. No sábado, 19, começou a passar mal depois de cantar a "Ave Maria" em três casamentos.
Procurou um hospital e foi medicado para uma virose. Estava, na verdade, tendo um infarto. Na última terça, morreu, aos 50, após uma parada cardíaca -assim como seu pai e seu irmão mais velho, ambos mortos aos 43 anos.
O tenor dos casamentos não se casou ou deixou filhos. A sua missa de sétimo dia, ontem, foi cantada pelos amigos.

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