|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia devia ter agido logo, diz mãe
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
Welson Frazão Serra, 13, como
quase todas as vítimas dos crimes
do Maranhão, fazia pequenos serviços para auxiliar a família.
Ele ajudava na limpeza dos túmulos e covas do cemitério de Paço do Lumiar, cidade dos arredores de São Luís, de onde o seu corpo foi exumado, para novos exames, na última quarta-feira.
Evangélica, a mãe do garoto, a
dona-de-casa Ana Lúcia Frazão
Serra, 37, acredita em justiça.
"Mas na justiça de Jesus", completa. Resignada, afirma: "As pessoas que sonharam com Welson
disseram que ele está num lugar
lindo, orando por nós".
Para ela, a polícia devia "ter agido desde o começo, para evitar
que outras famílias sofressem".
Um dia depois da exumação do
corpo do filho, na manhã de quarta-feira, a Folha conversou com
Ana Lúcia. Leia os principais trechos da entrevista.
Folha - Como o corpo do seu filho
foi encontrado?
Ana Lúcia Frazão Serra - A gente
começou a procurar, eu, meu marido e os quatro meninos nossos,
na noite do dia 7 (deste mês). Eu
tinha esperança de encontrar o
nosso filho vivo. Ah, deve ter caído de um pé de fruta, pensava, e
não conseguiu chegar em casa.
Até que vimos a desgraça que fizeram com ele. Meu filho gritou:
"Papai, achei!". Eu caí na hora. Tiraram pedaços dos dedos dele na
dentada. Ele estava com o rostinho enterrado na areia, todo arrebentado.
Folha - A senhora acredita, como
tem divulgado parte da polícia,
que possa haver ligação com "magia negra"?
Ana Lúcia - Às vezes penso que
isso possa ser um despiste para
encobertar a maldade mesmo,
coisa de quem, tomado pelo diabo, quer apenas fazer ruindade e
pronto. Só sei que quero olhar para a cara dos monstros que fizeram isso. Nem quero vingança,
eles vão cair em desgraça e se arrepender do que fizeram.
Folha - A senhora acredita que o
crime tenha sido cometido pelas
duas pessoas que estão presas? (A
polícia prendeu provisoriamente
Mauro Flexa e Washington Luis Xavier, que trabalhavam em um sítio
vizinho ao local do assassinato).
Ana Lúcia - Certeza absoluta a
gente não tem, mas tudo indica
que sim. Meu filho não era besta
de cair na conversa de ninguém,
mas os monstros devem ter conquistado a confiança dele, aos
poucos. Aproveitaram que ele
brincava lá por perto, saía para caçar passarinhos, e fizeram isso.
Folha - Como a senhora avalia o
trabalho da polícia nesses casos todos?
Ana Lúcia - Deviam ter agido
desde o começo, para evitar que
outras famílias sofressem. Nunca
imaginei que pudesse acontecer
isso com a gente. Entrego a Jesus,
só ele julgará. Todo dia vou até a
porta para esperar meu filho e
acho que ele vai chegar a qualquer
momento.
Texto Anterior: Estado recusa PF e suspeita de ritual Próximo Texto: Outro lado: Crimes merecem atenção especial, afirma governadora Índice
|