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SAÚDE
Vida saudável previne diabetes tipo 2
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Está provado. Dieta e exercício
físico previnem o diabetes tipo 2
naqueles pacientes que conseguem reduzir o peso.
De acordo com estudo norte-americano divulgado em agosto
-o DDP (Diabetes Prevention
Program, Programa de Prevenção
do Diabetes)-, o índice de sucesso foi de 58% entre pessoas com
grandes chances de desenvolver a
doença que se exercitaram, em
média, 30 minutos por dia e perderam até 7% do peso.
Os resultados podem ser ainda
melhores se um remédio já utilizado para combater a doença, a
acarbose (Glucobay), for administrado preventivamente em
conjunto com ginástica e regime,
mostrou levantamento da multinacional canadense Stop Diabetes
apresentado em setembro no
Congresso Europeu de Diabetes.
Exercício, dieta e acarbose juntos foram 33% mais eficientes na
prevenção do que a combinação
de ginástica e regime, segundo o
estudo coordenado por Jean-Louis Chiasson, professor da Universidade de Montréal, que deve
ser publicado em breve na revista
científica "Diabetes Care" (Cuidando do Diabetes).
"Somando resultados, podemos dizer que é possível prevenir
a doença na maioria dos casos",
afirma o chefe do departamento
de Endocrinologia do Hospital
Heliópolis de São Paulo, Freddy
Goldberg Eliaschewitz.
Outra droga, a metformina (Dimefor, Gliformin e Glucophage),
também utilizada no controle da
doença, reduziu o risco de evolução para diabetes em 31% dos casos estudados no levantamento
norte-americano. Essas pessoas
receberam apenas orientação alimentar e de exercício, mas não seguiram um programa específico.
"Os resultados com os remédios
abrem perspectivas para as pessoas que não conseguem resultados com atividade física e dieta",
diz o presidente da Sociedade
Brasileira de Diabetes, José Egídio
Paulo de Oliveira. "Com certa frequência, a mudança de hábito em
pessoas adultas não é fácil", diz.
De acordo com Oliveira, muitas
vezes, problemas físicos impedem a realização de exercícios.
As pessoas que mais correm risco de desenvolver a doença são
aquelas que têm índices de glicose
(açúcar) no sangue acima do normal, mas que ainda não podem
ser consideradas diabéticas. São
os intolerantes à glicose.
Elas costumam estar acima do
peso e têm histórico familiar da
doença. Raramente apresentam
sintomas, mas algumas podem
ter triglicérides (tipo de gordura
que pode favorecer o entupimento de vasos) aumentados, pressão
alta e taxas baixas do HDL, conhecido como colesterol "bom".
Nos EUA, 10 milhões de pessoas
são intolerantes à glicose. Segundo Oliveira, estima-se que no Brasil o número seja semelhante.
De acordo com dados do governo norte-americano, até 10% dos
intolerantes à glicose desenvolvem diabetes a cada ano.
"Vilã"
A gordura é a principal "vilã" do
diabetes tipo 2, principalmente
quando está localizada na barriga.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Amélio
de Godoy Matos, essa gordura é
metabolizada em ácidos graxos livres, que afetam as células do
pâncreas produtoras de insulina
(hormônio que regula o metabolismo da glicose).
Enquanto dieta e exercício
agem diretamente sobre a gordura, os remédios, administrados
em comprimidos, facilitam o trabalho das células produtoras de
insulina (veja quadro). Outras
drogas, como o orlistat (Xenical),
que impede a absorção de gordura, também estão sendo estudadas para prevenir o diabetes.
De acordo com Matos, apesar
de os resultados com remédios serem estimulantes, ainda não se sabe por quanto tempo eles podem
prevenir a doença. No estudo
com a acarbose, ficou provado
que, quando os pacientes paravam de tomar a droga, as taxas de
glicose voltavam a crescer.
Para o presidente da Associação
Latino-Americana de Diabetes,
Antônio Roberto Chacra, se o paciente se esforçar, previne a doença sem remédios. "Dieta e exercício devem ser o pilar da prevenção", diz. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, há
10 milhões de diabéticos no país e
90% têm o tipo 2 da doença.
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