São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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ACIDENTE

Tronco de seringueira estava infestado de brocas e cupins; outro motoqueiro, também atingido, foi hospitalizado

Queda de árvore mata motoboy na Sumaré

Flávio Florido/Folha Imagem
Bombeiros trabalham na remoção da seringueira que caiu na avenida Sumaré (zona oeste); parte da árvore teve de ser derrubada


VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois motoboys foram atingidos ontem à tarde pelo tronco de uma árvore de cerca de dez metros de altura que rachou em plena avenida Sumaré (zona oeste de São Paulo). Um deles morreu. O outro, ferido, está hospitalizado.
Eram 15h20. Marcos Vinicius Cruz da Silva, 39, que usava capacete, foi atingido na cabeça e morreu na hora. O acidente foi visto pelo vigia Adalberto de Araújo, 41, que trabalha em um escritório em frente ao local, na altura do número 1.700 da avenida.
"Foi tudo muito de repente. Um lado inteiro da árvore caiu, acertando os dois motoqueiros. O que estava mais próximo ao canteiro central não teve a menor chance", disse ele, que acionou o resgate.
O outro motoqueiro, Walter Lourenço da Costa, foi levado ao Hospital das Clínicas. O pronto-socorro da instituição informou apenas que seu estado de saúde "inspira cuidados", sem dar mais detalhes.
A árvore, uma seringueira de cerca de 30 anos, ficava no canteiro central da Sumaré. Cheia de brocas e cupins, rachou. O pedaço que caiu na via ocupou as três faixas do sentido centro-bairro.
O motoboy que morreu já estava na profissão havia 18 anos. Segundo seus colegas, nunca havia sofrido um acidente grave e sempre usava o capacete. Pai de dois filhos, era casado com Ana Paula Gomes da Silva.
Cerca de duas horas depois do acidente, Ana Paula chegou ao local. O corpo do marido ainda estava sobre a calçada do canteiro central. "Como isso pôde acontecer?", disse, olhando para o tronco caído. Ela não ficou mais do que cinco minutos no local.
A empresa em que Silva trabalhava, a Free Way Express, informou ontem que pretende ajudar a família do motoboy caso ela decida processar o poder público.
"Como é que a prefeitura não fiscaliza uma árvore daquele tamanho na beira de uma avenida movimentadíssima?", questiona Marcelo Alonso, responsável pelo setor operacional da empresa.
Luiz da Silva Filho, chefe-de-gabinete da Subprefeitura da Lapa, afirmou que houve uma poda de árvores no canteiro central da Sumaré há 30 dias. As seringueiras, no entanto, ficaram de fora. Ele não soube informar o motivo.
Quando os bombeiros chegaram ao local, havia risco de queda da parte da árvore que continuava em pé, desta vez do outro lado da pista. Os bombeiros decidiram derrubá-la, interrompendo o trânsito no sentido bairro-centro por cerca de três horas.
Esse mesmo trecho da Sumaré era usado como área de lazer, aos domingos, até o último dia 17. A área de recreação chegou a receber 60 mil visitantes no domingo de estréia, em 19 de setembro, segundo a prefeitura.

Trânsito
Joelma Ancelmo Barbosa, 30, funcionária de um escritório próximo, também testemunhou o acidente. "Os carros deviam estar parados no sinal lá atrás, porque não tinha trânsito nenhum. Cada um estava em uma faixa. Em um segundo, um estava preso embaixo de um tronco e o outro, machucado. Foi horrível."
A delegada titular do 23º DP (Perdizes), Nair Silva de Castro, disse que, a partir dos laudos da perícia, responsáveis poderão ser apontados.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o acidente provocou um engarrafamento de dois quilômetros no sentido centro da avenida Sumaré.
A outra pista da avenida Sumaré, onde os motoqueiros foram atingidos, foi liberada pouco depois do acidente, mas também teve engarrafamento.

Colaborou RICARDO WESTIN, da Reportagem Local


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