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ACIDENTE
Capitania afirma que embarcação que naufragou no rio Solimões, no Amazonas, deixou o porto sem autorização
Barco foi notificado por excesso de peso
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A embarcação "Princesa Amanda" -que naufragou por volta
das 3h de sábado, no rio Solimões,
em Iranduba (AM)- foi notificada, três horas antes de sair do porto de Manaus, sobre o excesso de
carga que levava para a viagem ao
município de Fonte Boa (AM).
A informação é do comandante
da Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental, José Luiz de Souza Batista.
O IML (Instituto Médico Legal)
de Manaus informou que 19 morreram no naufrágio (oito homens,
quatro mulheres, um adolescente
e seis crianças, sendo dois bebês).
Segundo o Corpo de Bombeiros,
há ainda 11 desaparecidos.
"Nós recebemos uma denúncia.
Por volta das 21h, um oficial de
serviço notificou o proprietário
para que retirasse o excesso de
carga. Foi elaborada uma nova lista de passageiros. Às 23h, o barco
saiu do porto à revelia da Capitania", disse o comandante Batista.
O excedente do peso seria formado por 73 passageiros e mercadorias, como caixas de cerveja.
A versão da Capitania dos Portos rebate a denúncia de que o oficial (cujo o nome está em sigilo)
teria sido subornado. O excesso
de carga teria sido um dos motivos do acidente.
Sobrevivente do naufrágio, o
soldado PM Orlando Falcão dos
Santos, 27, disse que avisou a Capitania sobre irregularidades na
embarcação (de madeira, com 12
metros de comprimento, dois andares e oito camarotes).
"Eu liguei para a Capitania quatro vezes. Só às 21h apareceu um
sargento para averiguar a denúncia. Ele passou a negociar com o
comandante do barco e permitiu
que a embarcação partisse. Recebeu R$ 1.000 de propina", disse o
soldado à Agência Folha.
Ele afirmou que o comandante
do barco, Clemilson Souza, não tinha todo o dinheiro exigido pelo
sargento e pediu emprestado.
"Meus filhos e minha mulher
dormiam na rede. Eu estava acordado, pressentia algo ruim. O barco bateu e virou com tudo. Ele
afundou em dois minutos", disse.
Os filhos do PM - Igor Falcão
dos Santos, 4, e Natália Falcão dos
Santos, 3- morreram.
O comandante José Luiz Batista
disse que o depoimento do soldado Santos será tomado, como
também do comandante da embarcação, Clemilson Souza.
"Há dois inquéritos abertos
(um administrativo e outro policial, sobre o suposto suborno).
Vamos continuar coibindo as irregularidades nas embarcações",
disse o comandante. Os dois inquéritos têm prazo de 30 dias.
O naufrágio com o barco "Princesa Amanda" está sendo considerado tão grave como o que
ocorreu em fevereiro do ano passado. O barco Ana Maria 8ª afundou no rio Madeira com 196 passageiros -18 corpos foram resgatados e 34 ficaram desaparecidos.
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