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CRIME ORGANIZADO
Sequestrador disse a policiais que tem lotações em Campinas e negou ter matado prefeito da cidade
Andinho revela ter dado dinheiro ao PCC
DA REPORTAGEM LOCAL
O sequestrador Wanderson
Nilton de Paula Lima, 24, o Andinho, disse ontem a policiais que é
dono de linhas de lotações em
Campinas e que entregou dinheiro a integrantes da cúpula do PCC
(Primeiro Comando da Capital).
O nome dele foi incluído no organograma da facção divulgado
pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) como "financiador".
Segundo a polícia, Andinho disse que, em uma ocasião, deu R$ 20
mil para o comando do PCC. Em
outra, encaminhou um carro da
Dinizcar -uma revenda de veículos da cidade de Nova Odessa,
que seria ligada à sua quadrilha-
para venda. O dinheiro resultante,
cerca de R$ 40 mil, teria sido entregue às mulheres de José Márcio
Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, ambos fundadores da facção criminosa PCC.
O negócio teria sido intermediado pelo advogado Abraão Samuel, que está preso. Em depoimento, Geleião já tinha mencionado a transação com a Dinizcar.
O Deic investiga se a revendedora "lavava" o dinheiro arrecadado
pelo grupo de Andinho com sequestros, tráfico de drogas e roubos, entre outras operações.
Em março, o dono da Dinizcar,
um comerciante de Americana,
foi ouvido pelo delegado Joel Antonio dos Santos, da Delegacia
Anti-Sequestro de Campinas, por
suspeita de envolvimento com a
quadrilha. Isso porque o ex-braço
direito de Andinho, Cristiano
Nascimento de Faria, 25, havia sido preso com uma camionete
comprada na revenda.
"É nesse lugar que eram vendidos e comprados carros da quadrilha, mas ainda não descobrimos nada sobre lavagem de dinheiro", disse o delegado.
Há um ano, a delegacia investiga quem são as pessoas ligadas a
Andinho e o tamanho do patrimônio que possuem. Uma delas é
a mulher dele, Luciane Bernardino Seixas, 24, presa em abril sob
acusação de envolvimento com
tráfico de drogas.
Prefeito
Segundo o Deic, Andinho admitiu ontem ter conversado no presídio de Presidente Bernardes
com Geleião, mas negou ter dito a
ele que mandara matar o prefeito
de Campinas, Antonio da Costa
Santos, o Toninho do PT.
Em depoimento, no início do
mês, Geleião afirmou ter ouvido a
confissão do sequestrador, que
dizia ser dono de lotações. Ele teria ordenado o crime por causa de
mudanças que Toninho planejava fazer nas linhas de Campinas.
Segundo o delegado Rui Ferraz
Fontes, Andinho não revelou motivos para Geleião ter apresentado
essa versão. Quando se encontraram na prisão, os dois já se conheciam havia pelo menos dois anos.
A posse das linhas de peruas foi
confirmada pelo sequestrador em
conversa com policiais, cujo conteúdo foi divulgado ontem. Ele
deve prestar depoimento hoje.
Andinho responde a processo
pela morte de Toninho do PT,
mas nega o crime.
(ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)
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