São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 2002

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CRIME ORGANIZADO

Sequestrador disse a policiais que tem lotações em Campinas e negou ter matado prefeito da cidade

Andinho revela ter dado dinheiro ao PCC

DA REPORTAGEM LOCAL

O sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, 24, o Andinho, disse ontem a policiais que é dono de linhas de lotações em Campinas e que entregou dinheiro a integrantes da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O nome dele foi incluído no organograma da facção divulgado pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) como "financiador".
Segundo a polícia, Andinho disse que, em uma ocasião, deu R$ 20 mil para o comando do PCC. Em outra, encaminhou um carro da Dinizcar -uma revenda de veículos da cidade de Nova Odessa, que seria ligada à sua quadrilha- para venda. O dinheiro resultante, cerca de R$ 40 mil, teria sido entregue às mulheres de José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, ambos fundadores da facção criminosa PCC.
O negócio teria sido intermediado pelo advogado Abraão Samuel, que está preso. Em depoimento, Geleião já tinha mencionado a transação com a Dinizcar.
O Deic investiga se a revendedora "lavava" o dinheiro arrecadado pelo grupo de Andinho com sequestros, tráfico de drogas e roubos, entre outras operações.
Em março, o dono da Dinizcar, um comerciante de Americana, foi ouvido pelo delegado Joel Antonio dos Santos, da Delegacia Anti-Sequestro de Campinas, por suspeita de envolvimento com a quadrilha. Isso porque o ex-braço direito de Andinho, Cristiano Nascimento de Faria, 25, havia sido preso com uma camionete comprada na revenda.
"É nesse lugar que eram vendidos e comprados carros da quadrilha, mas ainda não descobrimos nada sobre lavagem de dinheiro", disse o delegado.
Há um ano, a delegacia investiga quem são as pessoas ligadas a Andinho e o tamanho do patrimônio que possuem. Uma delas é a mulher dele, Luciane Bernardino Seixas, 24, presa em abril sob acusação de envolvimento com tráfico de drogas.

Prefeito
Segundo o Deic, Andinho admitiu ontem ter conversado no presídio de Presidente Bernardes com Geleião, mas negou ter dito a ele que mandara matar o prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT.
Em depoimento, no início do mês, Geleião afirmou ter ouvido a confissão do sequestrador, que dizia ser dono de lotações. Ele teria ordenado o crime por causa de mudanças que Toninho planejava fazer nas linhas de Campinas.
Segundo o delegado Rui Ferraz Fontes, Andinho não revelou motivos para Geleião ter apresentado essa versão. Quando se encontraram na prisão, os dois já se conheciam havia pelo menos dois anos.
A posse das linhas de peruas foi confirmada pelo sequestrador em conversa com policiais, cujo conteúdo foi divulgado ontem. Ele deve prestar depoimento hoje.
Andinho responde a processo pela morte de Toninho do PT, mas nega o crime. (ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)


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