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TRANSPORTE
Para obter juros menores, empresas de ônibus querem que prefeita repasse arrecadação das tarifas aos bancos
Viações negociam aval para empréstimo
ALENCAR IZIDORO
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresários de ônibus querem
envolver a prefeitura nas negociações com os bancos para a obtenção de empréstimos que seriam
destinados ao 13º salário de motoristas, cujo pagamento tem que
ser feito no final desta semana.
A intenção das viações é que a
prefeita Marta Suplicy avalize um
acordo com a seguinte regra: em
vez de dar a arrecadação da tarifa
aos empresários, ela faria os repasses diretamente aos bancos
para pagar a quantia financiada.
A estratégia facilitaria a conquista de empréstimos com juros
menores, já que os pagamentos
seriam responsabilidade do governo. As viações de ônibus não
têm crédito no mercado por causa
da situação financeira e de dívidas
não quitadas em outros anos.
O presidente do Transurb (sindicato patronal), Sérgio Pavani, se
reuniu ontem à tarde com Jilmar
Tatto, secretário dos Transportes,
para apresentar a proposta.
Após se encontrar com Marta
no final da tarde, Tatto deu declarações contraditórias sobre a possível ajuda. Primeiro disse que
não via problemas na operação:
"Se não tiver prejuízo de dinheiro
público e for algo para facilitar a
situação que a empresa está tendo, não tem por que não fazer".
Depois, ressalvou que a possibilidade ainda não havia sido cogitada pela administração e que não
é função do governo interferir em
um problema empresarial. "Em
nenhum momento a prefeitura
vai ser avalista e em nenhum momento vamos interferir na relação
empregado-patrão."
O pedido empresarial se assemelha à anuência da SPTrans
(São Paulo Transporte, órgão
municipal que cuida do setor) a
um acordo feito na madrugada de
ontem para acabar com a greve na
Expresso Paulistano. Se a empresa não pagar a dívida, cabe à prefeitura retirar a quantia dos créditos que ela tem da arrecadação do
sistema de ônibus.
Dois técnicos de gestões anteriores ouvidos pela Folha avaliam
que os riscos de uma operação
dessas depende das cláusulas contratuais. O receio é que prefeitura
tenha prejuízo caso as viações entrem em falência ou deixem de
operar, por exemplo.
Embora Tatto tenha dado sinais
contraditórios sobre essa possibilidade, trabalhadores e donos de
viações se mostraram otimistas
após reuniões com técnicos do
governo. Durante a madrugada,
grandes empresários, como Belarmino Marta e José Ruas Vaz,
foram representados em uma
reunião com a SPTrans para resolver a greve na Expresso Paulistano, que já durava seis dias.
Tarifa
Francisco Xavier da Silva Filho,
da diretoria do sindicato dos motoristas, diz ter sentido disposição
de Tatto para negociar mudanças
na remuneração das empresas de
ônibus -por exemplo, sobre
uma forma de as gratuidades de
quem faz baldeações e dos carteiros não serem, no futuro, bancadas pelas empresas.
"Existe um custo que precisa ser
pago pelo poder público", afirmou o sindicalista.
O novo secretário, segundo ele,
disse que os motoristas terão participação para discutir possíveis
mudanças na licitação da prefeitura para selecionar novos operadores em 2003. Sobre a tarifa, Silva Filho, após dois dias de proximidade da categoria com Tatto,
disse estar convencido de que "ela
não ficará abaixo de R$ 1,70".
Depois de Marta ter dado "razão" às reivindicações empresarias pela elevação da tarifa de ônibus, Tatto sinalizou ontem que a
decisão pode demorar. Embora
admita que há estudos, disse que
esse tema "não está na pauta do
dia-a-dia da prefeitura" e chegou
a falar em uma definição apenas
em 2003. "Se vai ser neste ano ou
no ano que vem, é outra história."
Segundo ele, "não existe debate" para um reajuste tarifário até a
semana que vem.
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