São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

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PMs suspeitos de simular seqüestro são afastados

Os quatro policiais da Rota realizam trabalhos internos, segundo a corregedoria

Eles teriam simulado seqüestro de empresário para justificar duas mortes; acusados dizem que revidaram ataques p ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Investigados sob a suspeita de terem simulado o seqüestro de um empresário e uma perseguição para justificar duas mortes, quatros PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite da Polícia Militar paulista, foram afastados das ruas pelo comando da corporação. Segundo a Corregedoria da PM, hoje os policiais da Rota cumprem expediente com trabalhos administrativos desenvolvidos internamente no Batalhão de Choque, ao qual está subordinada a Rota.
O 2º tenente Francisco Carlos Laroca Júnior, 25, e seus subordinados, o cabo Renato Aparecido Russo, 31, e os soldados Alexandre de Lima Costa, 36, e Marco Antônio Pinheiro, 36, são suspeitos de seqüestrar e matar o presidiário Jefferson Morgado Britto, 31, e o ex-detento José Feliz Ramalho, 44. À Polícia Civil, os quatro PMs dizem que foram atacados a tiros por Ramalho e Britto. Os crimes ocorreram em 13 de maio, durante a primeira onda de ataques da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ramalho, segundo a Corregedoria da PM, foi visto por um amigo quase duas horas antes do suposto tiroteio, sendo colocado por um policial dentro de um carro da corporação. A prisão de Ramalho ocorreu no centro de São Paulo, a mais de 45 km do local do tiroteio.
Outro indício aponta para o fato de que os policiais da Rota contaram com a ajuda de outros PMs de Guarulhos para simular o seqüestro do empresário Rui Rodrigues da Silva, 42, que estava no seu Audi A4 supostamente roubado por Ramalho e Britto. Silva reconheceu fotograficamente um PM como um dos dois homens que o abordaram num semáforo.
As investigações apontam outras contradições. Nem o Audi nem o carro da Rota têm marcas de balas. Testes mostraram que as armas supostamente encontradas com os mortos não haviam sido disparadas recentemente. Também não foram encontrados vestígios de pólvora nas mãos deles.
A reportagem vem tentando falar com os policiais acusados desde a quinta-feira, mas não obteve resposta. Nos depoimentos que prestaram à Polícia Civil e à Justiça Militar, eles afirmaram que souberam pelo rádio do seqüestro, encontraram o veículo, o perseguiram e, ao serem atacados pelos criminosos, no revide, os mataram.


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