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Base se une ao PT para impor derrota a Kassab na Câmara
"Rebelião" ocorre no momento em que partidos disputam espaço em novo mandato
Por 30 votos a 6, vereadores
aprovaram decreto que
derruba portaria do
Executivo para regularizar
116 flats na cidade
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O "centrão", grupo de vereadores de partidos que, na maioria, apoiaram a reeleição do
prefeito Gilberto Kassab
(DEM), uniu-se ontem ao PT
para selar a primeira derrota do
governo na Câmara Municipal
desde agosto do ano passado.
Por 30 votos a 6, os parlamentares aprovaram um projeto de decreto legislativo a fim
de derrubar uma portaria do
Executivo que permitia a regularização de 116 flats da capital.
A derrota governista ocorre
num momento em que Kassab
faz a partilha de cargos da máquina para seu segundo mandato. Vereadores do PR, do
PTB, do PMDB, do PV, e do
próprio DEM do prefeito, todos
parte do "centrão", disputam
espaço nas subprefeituras.
O processo para impor a derrota ao governo durou três dias.
Na terça-feira, o vereador Antonio Donato (PT) apresentou
o projeto. Ontem, o texto passou fácil pela Comissão de
Constituição e Justiça e, em seguida, foi levado a plenário.
Apesar de cobrarem mais
cargos em conversas reservadas, os vereadores do "centrão"
negaram, em entrevistas, que a
"rebelião" de ontem tenha a ver
com espaço na administração.
Na tribuna, vereadores classificaram a portaria do Executivo como "uma afronta ao Legislativo". A possibilidade de regularização dos flats, dizem, não
deveria ter sido permitida por
"canetada". Eles afirmam que é
preciso "discutir em profundidade" o assunto, com aprovação da maioria da Câmara.
"Quando somos afrontados,
temos que reagir", disse Celso
Jatene (PTB). "Voto sim pela
independência do Legislativo",
afirmou o presidente da Câmara e um dos líderes do "centrão", Antonio Carlos Rodrigues (PR), aliado de primeira
hora de Kassab nas eleições.
A profusão de vereadores de
partidos "governistas" (oficialmente integrados à base e com
cargos na administração) votando lado a lado com os petistas virou motivo de piadas no
plenário durante o processo de
discussão do projeto ontem.
"Afinal, eu sou maioria ou
sou minoria nesta Casa", gritou
Dalton Silvano (PSDB). "Ué, o
PMDB não está no governo?",
questionou Tião Farias (PSDB)
ao ver que o PMDB, que além
da vice na chapa reeleitoral de
Kassab ganhou uma pasta no
novo governo, também estava
votando com a oposição.
Milton Leite, ex-peemedebista recém-convertido ao partido do prefeito e um dos líderes do "centrão", explicava aos
colegas, com um sorriso no rosto, as razões de seu voto: "Este
governo que está terminando
não é meu. Mas o próximo é..."
Anistia
A portaria do Executivo foi
publicada em 20 de novembro.
Ela deu possibilidade de regularização de 116 flats (21 mil vagas da rede hoteleira) que haviam sido instalados como
"imóveis de uso residencial
com serviços" antes de 3 de fevereiro de 2005, quando passou a vigorar o Plano Diretor.
Muitos desses flats já funcionam como hotel -como o Unique, na região do parque Ibirapuera (zona sul)-, mas, por ser
classificado como "imóvel residencial com serviços", eram alvos de fiscalização mais branda
de bombeiros, vigilância sanitária e agentes fiscais.
Agora, o governo deve enviar
um projeto de lei para que o tema seja discutido na Câmara.
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