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Tabagismo é maior entre os mais pobres
Índice de fumantes na faixa com renda per capita inferior a 1/4 de salário mínimo é de 19,9%; entre os que ganham 2 mínimos ou mais, 13,5%
Dados do IBGE mostram ainda que o vício é maior na zona rural e que, quanto maior a escolaridade, menor o percentual de fumantes
DA SUCURSAL DO RIO
Vendido nas propagandas
como algo glamouroso, o hábito de fumar, no Brasil, é proporcionalmente maior nas faixas de renda mais baixa.
Segundo o IBGE, o percentual de fumantes entre os brasileiros com renda per capita inferior a um quarto de salário
mínimo é de 19,9%. Entre os
que ganham dois salários mínimos ou mais, fica em 13,5%.
As diferenças são ainda
maiores quando se analisa a escolaridade. Das pessoas que tiveram menos de um ano de instrução, 25,7% fumam. O percentual vai decrescendo à medida que o tempo na escola aumenta, até chegar a apenas
13,5% entre aqueles que estudaram 11 anos ou mais.
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, destacou
ontem que, entre os mais pobres, o consumo de cigarro representa um impacto importante sobre a economia das famílias. De acordo com a pesquisa, o gasto mensal médio com o
produto era de R$ 78,43 no ano
passado, quando o salário mínimo estava em R$ 415.
O estudo revelou também
que o cigarro é proporcionalmente mais presente nas zonas
rurais, onde a taxa de fumantes
chega a 20,4%, acima dos 16,6%
registrados nas cidades.
O tipo de cigarro fumado
também varia entre as localidades. Na zona urbana, 14,9% da
população fuma cigarros industrializados, e 3,6%, enrolados à mão. Na rural, 13,8% fumam cigarros enrolados à mão,
e 11,9%, industrializados. Às vezes, uma mesma pessoa consome os dois tipos de cigarro.
Para o diretor do Inca (Instituto Nacional de Câncer), Luiz
Antonio Santini, esses dados
serão úteis para aprimorar a
política de conscientização sobre os riscos do tabagismo. Para ele, o desafio é fazer com que
as informações cheguem a todos para assim sensibilizar o
maior número de pessoas.
O reconhecimento dos malefícios do cigarro, porém, mostrou-se bem disseminado tanto
entre fumantes quanto entre
não fumantes. No total, 96,1%
das pessoas disseram saber que
o tabaco causa doenças graves;
73,1%, que provoca derrame;
85,7%, ataque cardíaco, e
94,7%, câncer de pulmão.
Já o reconhecimento dos riscos do fumo passivo, terceira
principal causa de morte evitável do mundo, foi menor: apenas 86,3% dos fumantes disseram acreditar que a exposição
de não fumantes à fumaça de
cigarro possa causar doenças
graves.
Segundo a pesquisa, cerca de
20% dos não fumantes disseram sofrer exposição à fumaça
em casa, 22,8%, no trabalho, e
10,1%, em restaurantes.
Regionalmente, a incidência
do tabagismo varia de 16,9%
(no Centro-Oeste e no Sudeste)
a 19% (no Sul). Nessa região, a
proporção de mulheres fumantes chega a 15,9%, a maior do
país, o que ajuda a explicar o
primeiro lugar no ranking do
tabagismo.
Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que, em
1999, o percentual de homens
fumantes nos EUA era de 26%,
e de mulheres, de 22%. No Reino Unido, em 1998, esses números eram de 28% e 26%, e no
Japão, em 2000, de 54% e 14%,
respectivamente.
(DM)
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