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ANÁLISE
É preciso apoiar os vulneráveis à indústria do fumo
JOÃO MANOEL PEDROSO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O fumo é um importante fator
de risco à saúde e é fundamental
que seu consumo caia radicalmente. Devemos dar atenção
especial às populações mais vulneráveis ao assédio da indústria
do tabaco, como jovens e mulheres, que fumam muito menos que os homens e, portanto,
são potenciais consumidores.
O objetivo é reduzir o risco de
doenças ligadas ao tabaco, como infarto, derrame cerebral,
enfisema pulmonar e câncer,
responsáveis por 60% a 70%
das mortes. A OMS considera o
tabagismo uma epidemia e
anuncia que, em 20 anos, haverá 100 milhões de mortes, sendo uma parcela considerável
atribuída ao fumo passivo.
No Brasil, diz o IBGE, 93% dos
fumantes sabem dos riscos do
tabaco. São necessárias políticas
de educação e apoio a usuários,
aliadas a restrições ao fumo em
ambientes coletivos fechados.
A fumaça ambiental de cigarro (FAC) é uma mistura de gases e partículas composta pela
fumaça do cigarro e pela exalada pelo fumante -esta, em relação à principal, tem muito mais
nicotina (causadora de dependência) e monóxido de carbono.
A maioria das pessoas passa
90% do tempo em ambientes
fechados. Estudos mostram que
os não fumantes expostos de
forma crônica à FAC têm de
20% a 30% mais riscos de desenvolver doenças coronarianas
e câncer de pulmão. Além disso,
a Organização Internacional do
Trabalho estima que 200 mil
morram por ano devido ao contato com a fumaça no trabalho.
Nos países onde o fumo foi
proibido em ambientes fechados, houve queda de mais de
90% das partículas da FAC e de
mais de 60% dos sintomas respiratórios nos trabalhadores.
No Brasil, as restrições em vários Estados defendem, em relação à lei federal 9.294/1996, que
nenhum dispositivo de isolamento, exaustão ou ventilação é
capaz de proteger o cidadão.
Conforme a OMS, não há nível
seguro de exposição à FAC. Portanto, toda medida contra o consumo é benéfica. Deve-se ainda
considerar que, das mortes estimadas pela OMS, 80% serão em
países de menor renda, como o
Brasil, o que torna qualquer iniciativa mais relevante.
JOÃO MANOEL PEDROSO é doutor em cardiologia e professor adjunto do UFRJ
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