São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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ANÁLISE

É preciso apoiar os vulneráveis à indústria do fumo

JOÃO MANOEL PEDROSO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O fumo é um importante fator de risco à saúde e é fundamental que seu consumo caia radicalmente. Devemos dar atenção especial às populações mais vulneráveis ao assédio da indústria do tabaco, como jovens e mulheres, que fumam muito menos que os homens e, portanto, são potenciais consumidores.
O objetivo é reduzir o risco de doenças ligadas ao tabaco, como infarto, derrame cerebral, enfisema pulmonar e câncer, responsáveis por 60% a 70% das mortes. A OMS considera o tabagismo uma epidemia e anuncia que, em 20 anos, haverá 100 milhões de mortes, sendo uma parcela considerável atribuída ao fumo passivo.
No Brasil, diz o IBGE, 93% dos fumantes sabem dos riscos do tabaco. São necessárias políticas de educação e apoio a usuários, aliadas a restrições ao fumo em ambientes coletivos fechados.
A fumaça ambiental de cigarro (FAC) é uma mistura de gases e partículas composta pela fumaça do cigarro e pela exalada pelo fumante -esta, em relação à principal, tem muito mais nicotina (causadora de dependência) e monóxido de carbono.
A maioria das pessoas passa 90% do tempo em ambientes fechados. Estudos mostram que os não fumantes expostos de forma crônica à FAC têm de 20% a 30% mais riscos de desenvolver doenças coronarianas e câncer de pulmão. Além disso, a Organização Internacional do Trabalho estima que 200 mil morram por ano devido ao contato com a fumaça no trabalho.
Nos países onde o fumo foi proibido em ambientes fechados, houve queda de mais de 90% das partículas da FAC e de mais de 60% dos sintomas respiratórios nos trabalhadores. No Brasil, as restrições em vários Estados defendem, em relação à lei federal 9.294/1996, que nenhum dispositivo de isolamento, exaustão ou ventilação é capaz de proteger o cidadão.
Conforme a OMS, não há nível seguro de exposição à FAC. Portanto, toda medida contra o consumo é benéfica. Deve-se ainda considerar que, das mortes estimadas pela OMS, 80% serão em países de menor renda, como o Brasil, o que torna qualquer iniciativa mais relevante.


JOÃO MANOEL PEDROSO é doutor em cardiologia e professor adjunto do UFRJ


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