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Em dez anos, S. Sebastião perde excelência de praias
Desde 2000, só 4 delas ficaram propícias ao mergulho todos os dias do ano
Falta de esgoto tratado, chuvas de verão e aumento da população nessa estação afetam qualidade da água
EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO
O cenário em Toque Toque
Pequeno, na costa sul de São
Sebastião, é espetacular.
Uma praia pequena, com vegetação exuberante e dois
rios que cortam a areia clara
em direção ao Atlântico.
Nos últimos três anos, porém, quem presta atenção a
um pequeno detalhe da paisagem local tem ficado cada
vez mais preocupado.
As bandeiras vermelhas
instaladas pela Cetesb na
praia, indicando que a água
está imprópria para o banho,
voltaram a aparecer.
Desde 2002, Toque Toque
Pequeno não tem sua água
classificada como "ótima" ao
fim de um ano pelo órgão
ambiental, incluindo 2010.
A situação também piorou
em outras áreas famosas do
município, como Barra do
Saí e Barra do Una. O registro
de praias excelentes era mais
frequente entre 2000 e 2003.
"O sinal de alerta está aceso para todo o município",
afirma Claudia Lamparelli,
gerente do setor de águas superficiais da Cetesb.
FOSSA CHEIA
Os dados mostram que,
desde 2000, apenas quatro
praias ficaram propícias ao
mergulho todos os dias do
ano: Toque Toque Grande,
Baleia, Preta e Juqueí.
Mas há dois anos nenhuma praia de São Sebastião recebe o título de excelente.
"Toda vez que vejo a bandeira vermelha, entro em pânico", diz Cristiane Lara, presidente da associação de moradores de Toque Toque Pequeno. A radiografia da praia
descrita por ela serve para
várias outras da região.
"Nós temos a ocupação
ilegal cada vez maior nos
morros. Também não há sistema de esgoto. Todas as casas usam fossas. Tem casa de
gente rica que liga o ladrão
dessas fossas direto no rio."
O rio que deságua em Toque Toque Pequeno é o grande vilão da balneabilidade da
praia, diz a moradora. Assim
como em quase todo o litoral.
"O rio é móvel. E a Cetesb
faz a coleta da água do mar
sempre no mesmo ponto.
Quando os dois se aproximam é que ocorre o problema [de a praia ser classificada como imprópria]."
O verão, em todo o litoral
paulista, é o momento mais
crítico do ano em termos de
balneabilidade das praias.
Primeiro, porque a população aumenta muito e, segundo, porque chove demais. Os
rios poluídos enchem e levam sujeira para o mar.
Ilhabela também requer
atenção. "A cidade tem só
uns 5% de cobertura de esgoto", diz a gerente da Cetesb.
Número parciais de 2010,
ainda inéditos, mostram que
63% das praias do litoral norte não melhoraram a balneabilidade em relação a 2009.
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