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Igreja evangélica chegou antes da luz e do esgoto
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de montanhas, a fé moveu também pedras de até três
metros da região da serra da
Cantareira. "Foi uma "doidura"
inacreditável do meu pai", conta Sandro Mendonça Oliveira,
23, filho do pastor Gentil Mendonça Oliveira, 55, que ergueu a
primeira igreja evangélica do
Jardim Paraná, área ocupada
ilegalmente na Brasilândia, na
região noroeste.
Foi em 1995 que o templo começou a ser construído, época
em que os primeiros moradores se estabeleceram no local. A
igreja que costumavam ir, no
Imirim, havia ficado longe demais -mais pela dificuldade de
chegar do que pelos quilômetros de distância.
Os ônibus não subiam o morro do bairro, que não tinha nenhuma rua asfaltada. Também
não havia luz, água nem esgoto.
No início, era preciso buscar
água da serra com baldes; depois, foram feitos encanamentos clandestinos. Como não havia luz, a família esquentava a
água com lenha e, sem esgoto,
usava fossas como banheiro.
Nem os "gatos" deram conta
do abastecimento. Segundo
Antônio Calisto de Souza, presidente da associação dos moradores do Jardim Paraná, os
habitantes foram percebendo
que era preciso primeiro regularizar as terras para então conseguir alguma infra-estrutura.
Souza foi uma das lideranças
que coordenaram a compra dos
terrenos e que depois brigaram
pela rede elétrica, instalada em
2001, e por água encanada, que
passou a funcionar em 2002.
Dois anos depois, o campo de
futebol onde aconteciam as
reuniões e as peladas de final de
semana deu lugar ao CEU Paz,
com piscinas, biblioteca, telecentro e escola.
Com a obra, o asfalto chegou
às ruas que, há poucos meses,
também ganharam CEP -o
primeiro passo para que os moradores pudessem receber correspondência em casa. Mas,
por falta de funcionários dos
Correios que façam o serviço,
as cartas continuam sendo entregues nas caixas postais coletivas da associação.
Inacabado
Mais de dez anos depois, pai e
filho não consideram a igreja
terminada, sintoma do que
ocorre no resto da região, que
não tem creche nem atendimento médico.
Em 2002, o pastor Gentil sofreu um derrame dentro de casa e teve de ser levado às pressas ao hospital de Cachoeirinha, onde seu filho afirma que
ele recebeu medicação errada.
Mesmo com os movimentos e a
fala comprometidos, ele prosseguiu a obra.
(MB)
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