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Praias do Rio ganham disque-entrega
Pelo celular, banhistas podem pedir biquíni, sanduíche, comida japonesa, açaí, chope e até água para tirar areia dos pés
Comércio nas areias do Rio movimenta R$ 80 milhões por mês, de acordo com estudo realizado em 2006 pela Fundação Cesgranrio
Rafael Andrade/Folha Imagem
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O vendedor de bíquinis José de Castro, 32, na praia de Ipanema, que usa o celular no trabalho; praias agora têm disque-entrega
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
Vendas pelo telefone celular,
chope tirado na areia, lanches
especiais para a hora da "larica"
(a fome dos consumidores de
maconha) e mangueiras para
molhar os pés dos banhistas
são alguns dos novos serviços
criados pelos vendedores de
praia no Rio na disputa pelo
bolso dos cerca de 500 mil banhistas que, segundo a prefeitura, freqüentam as praias nos
fins de semana.
Neste verão, está em alta a
"entrega em canga". Da areia,
os clientes ligam para o celular
de vendedores ambulantes, que
se posicionam em trechos estratégicos da praia, de acordo
com o público-alvo, à espera
das ligações.
Acostumados a caminhar até
30 km por dia, entre o Arpoador e o posto 12, no Leblon (zona sul), os ambulantes descobriram no celular uma forma
de aumentar as vendas. Começaram a distribuir seus números areia afora.
"Assim falando, não me lembro quem é, mas já, já passo por
aí", respondia, em um de seus
dois celulares, o vendedor de
biquínis José de Castro, 32, enquanto fazia fotos para esta reportagem. Em dez minutos, tocaram três vezes.
Lanche para o pôr-do-sol
"Na praia é muito mais prático comprar. Você fica sentada
na canga, pegando sol e os preços também são melhores",
conta a coordenadora de eventos Ana Karina Wildt, 29, uma
das que aderiram aos biquínis
da praia.
Ela e a amiga, a professora de
ioga Joana Guratzsch, 29, dizem já ter levado para casa óculos, cangas e brincos.
Para o vendedor de sanduíches naturais Edmilson Pereira, 30, a estratégia veio de forma espontânea. "As pessoas começaram a pedir o número do
meu celular para a hora do almoço", conta ele.
Com a ajuda do aparelho, Pereira diz vender uma média de
50 sanduíches por dia, a R$ 5
cada. Mas também conta com
táticas próprias. Uma delas é
chegar à areia por volta das
12h30, "na hora da fome". Até
as 15h, conta o vendedor, o isopor já foi esvaziado.
O açaí é um dos lanches preferidos dos fregueses na "hora
da larica", que, segundo os ambulantes, vai das 17h ao pôr-do-sol, por volta das 19h30.
Outras vedetes do fim de tarde são o brownie, o biscoito de
polvilho Globo e os salgados
árabes, que são comercializados por vendedores devidamente uniformizados de turbantes e túnicas.
Comida japonesa
Um restaurante inaugurou
neste mês um serviço de entrega de temakis (tipo de comida
japonesa) na praia de Ipanema
que atende por telefone.
De acordo com uma pesquisa
feita em 2006 pela Fundação
Cesgranrio, as vendas nas
praias cariocas geram em média R$ 80 milhões por mês.
Alguns comerciantes reeditaram neste verão o chope tirado na hora. Há um mês, dois
carrinhos com barris de chope
se revezam entre a orla e a areia
de Ipanema, na altura dos postos 9 e 10. Por R$ 3,50, tiram na
hora 400 ml de chope.
Há novidades para refrescar
também os pés. Uma marca de
roupas contratou 14 meninos
que circularão pelas praias de
Ipanema e do Leblon com barris de água nas costas e mangueira nas mãos.
A idéia é, além de aliviar o calor, lavar os pés de quem não
quer sair da praia com areia no
chinelo. Os "molhadores de
pé", segundo a rede de lojas, entram em ação em 26 de janeiro.
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