São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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Praias do Rio ganham disque-entrega

Pelo celular, banhistas podem pedir biquíni, sanduíche, comida japonesa, açaí, chope e até água para tirar areia dos pés

Comércio nas areias do Rio movimenta R$ 80 milhões por mês, de acordo com estudo realizado em 2006 pela Fundação Cesgranrio

Rafael Andrade/Folha Imagem
O vendedor de bíquinis José de Castro, 32, na praia de Ipanema, que usa o celular no trabalho; praias agora têm disque-entrega

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

Vendas pelo telefone celular, chope tirado na areia, lanches especiais para a hora da "larica" (a fome dos consumidores de maconha) e mangueiras para molhar os pés dos banhistas são alguns dos novos serviços criados pelos vendedores de praia no Rio na disputa pelo bolso dos cerca de 500 mil banhistas que, segundo a prefeitura, freqüentam as praias nos fins de semana.
Neste verão, está em alta a "entrega em canga". Da areia, os clientes ligam para o celular de vendedores ambulantes, que se posicionam em trechos estratégicos da praia, de acordo com o público-alvo, à espera das ligações.
Acostumados a caminhar até 30 km por dia, entre o Arpoador e o posto 12, no Leblon (zona sul), os ambulantes descobriram no celular uma forma de aumentar as vendas. Começaram a distribuir seus números areia afora.
"Assim falando, não me lembro quem é, mas já, já passo por aí", respondia, em um de seus dois celulares, o vendedor de biquínis José de Castro, 32, enquanto fazia fotos para esta reportagem. Em dez minutos, tocaram três vezes.

Lanche para o pôr-do-sol
"Na praia é muito mais prático comprar. Você fica sentada na canga, pegando sol e os preços também são melhores", conta a coordenadora de eventos Ana Karina Wildt, 29, uma das que aderiram aos biquínis da praia.
Ela e a amiga, a professora de ioga Joana Guratzsch, 29, dizem já ter levado para casa óculos, cangas e brincos.
Para o vendedor de sanduíches naturais Edmilson Pereira, 30, a estratégia veio de forma espontânea. "As pessoas começaram a pedir o número do meu celular para a hora do almoço", conta ele.
Com a ajuda do aparelho, Pereira diz vender uma média de 50 sanduíches por dia, a R$ 5 cada. Mas também conta com táticas próprias. Uma delas é chegar à areia por volta das 12h30, "na hora da fome". Até as 15h, conta o vendedor, o isopor já foi esvaziado.
O açaí é um dos lanches preferidos dos fregueses na "hora da larica", que, segundo os ambulantes, vai das 17h ao pôr-do-sol, por volta das 19h30.
Outras vedetes do fim de tarde são o brownie, o biscoito de polvilho Globo e os salgados árabes, que são comercializados por vendedores devidamente uniformizados de turbantes e túnicas.

Comida japonesa
Um restaurante inaugurou neste mês um serviço de entrega de temakis (tipo de comida japonesa) na praia de Ipanema que atende por telefone.
De acordo com uma pesquisa feita em 2006 pela Fundação Cesgranrio, as vendas nas praias cariocas geram em média R$ 80 milhões por mês.
Alguns comerciantes reeditaram neste verão o chope tirado na hora. Há um mês, dois carrinhos com barris de chope se revezam entre a orla e a areia de Ipanema, na altura dos postos 9 e 10. Por R$ 3,50, tiram na hora 400 ml de chope.
Há novidades para refrescar também os pés. Uma marca de roupas contratou 14 meninos que circularão pelas praias de Ipanema e do Leblon com barris de água nas costas e mangueira nas mãos.
A idéia é, além de aliviar o calor, lavar os pés de quem não quer sair da praia com areia no chinelo. Os "molhadores de pé", segundo a rede de lojas, entram em ação em 26 de janeiro.


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