|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Os 277 brasileiros que aterrissaram ontem em MG foram ouvidos pela Polícia Federal sobre a entrada ilegal nos EUA
Deportados chegam e são interrogados
Juca Varella/Folha Imagem
|
Idalino Dias Moreira (com a bandeira do Brasil), 29, é recebido pela família em aeroporto de Belo Horizonte, após chegar dos EUA |
THIAGO GUIMARÃES
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O primeiro vôo trazendo 277
brasileiros deportados dos EUA
chegou ao aeroporto internacional Tancredo Neves, em Belo Horizonte, às 13h45 de ontem.
O avião da empresa portuguesa
Air Luxor, fretado pelo governo
norte-americano, deixou a base
aérea de Chandler, no Arizona, à
0h (horário de Brasília). Pousou
no Panamá para reabastecimento, o que atrasou em duas horas a
chegada à capital mineira.
Após o pouso, os brasileiros foram prestar depoimento no posto
montado pela Polícia Federal.
Uma sala com 25 computadores
cedidos pela Infraero e abastecidos com dados da PF foi utilizada
na operação.
Os depoimentos duraram cerca
de meia hora cada um. Os brasileiros tiveram que explicar, entre
outros pontos, como chegaram
aos EUA e quem agenciou a viagem. O governo mineiro comprou 900 lanches para o grupo
agüentar a espera.
O Ministério Público Federal
acompanhou alguns depoimentos, com a intenção de apurar informações sobre uso e compra de
passaportes falsos. "O objetivo
maior é identificar a ação de falsificadores", disse o procurador-chefe do órgão em Minas Gerais,
José Adércio Leite Sampaio.
Pela manhã, o assessor de comunicação da PF em Minas, delegado Ricardo Amaro, informou
que dois passageiros estavam
com mandados de prisão expedidos. No entanto, apenas um foi
confirmado: José Carlos Teixeira,
31, de Resplendor (MG), que teria
desertado da PM. Segundo um
delegado da PF que não quis se
identificar, ele foi detido. Os últimos passageiros só foram liberados por volta das 21h30.
Ao todo, entre 1.050 e 1.100 brasileiros detidos nos EUA por imigração ilegal serão repatriados até
abril em vôos fretados, informou
o senador Hélio Costa (PMDB-MG), integrante da missão parlamentar que negociou o retorno
dos prisioneiros. Segundo Costa,
outros três vôos estão previstos
-dois para as duas primeiras semanas de março e um para abril.
O senador disse ainda que grande parte das pessoas foi detida nas
imediações da fronteira EUA-México. Estavam, em média, presas
havia 90 dias e não portavam documentação, afirmou Costa. A
missão parlamentar apurou que
há, pelo menos, outros 408 brasileiros presos nos EUA, 208 por
delitos praticados lá e 200 arrolados como testemunhas de coiotes
(traficantes de migrantes).
O chefe da divisão jurídica do
Itamaraty, Manoel Gomes Pereira, disse que o órgão não tem como evitar a ida de brasileiros ilegais para os EUA e outros países.
"O que podemos fazer é alertar as
pessoas para os perigos que elas
podem enfrentar tentando cruzar
a fronteira com o México."
Segundo Pereira, a extradição
em vôos fretados, vetada por normas internacionais, ocorre apenas em casos excepcionais. Ele informou que as negociações com o
governo norte-americano começaram em maio, quando o Itamaraty barrou a repatriação em bloco de cerca de 900 brasileiros.
À época, o principal argumento
do governo brasileiro era de que a
situação seria constrangedora para os deportados, que voltariam
algemados e acompanhados pela
imprensa. Por conta de entendimentos firmados pela missão parlamentar com autoridades norte-americanas, o grupo que chegou
ontem não foi algemado.
A movimentação no aeroporto
começou por volta das 9h. Antes
do desembarque, cerca de 200 familiares aguardavam pelos repatriados. Quando o avião apareceu
no céu, muitos não contiveram o
choro.
A "Operação Desembarque",
como foi chamada, mobilizou
aproximadamente 200 pessoas,
entre policiais civis, militares e federais, agentes da Defesa Civil,
Ministério Público Federal, Itamaraty e Ministério da Justiça.
Momentos antes da aterrissagem em Belo Horizonte, de acordo com relato dos que estavam no
avião, foi feita uma contagem regressiva, seguida pelo Hino Nacional, muita gritaria e trechos da
música "Oh, Minas Gerais".
Texto Anterior: Silicone reduz detecção de tumor em seio Próximo Texto: Volta ao país traz misto de alegria e desânimo Índice
|