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INFÂNCIA
ONG ouviu 2.300 crianças
Tráfico expulsa jovens de casa, diz instituto
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Boa parte das crianças e adolescentes que vivem nas ruas da região metropolitana do Rio está nessa situação porque foi expulsa
pelo tráfico de drogas de suas comunidades ou porque resolveu
fugir da violência nas favelas.
É o que indica um levantamento
da organização não-governamental Ibiss (Instituto Brasileiro
de Inovações em Saúde Social). A
ONG ouviu no ano passado 2.300
crianças de um total estimado de
12,5 mil que vivem nas ruas.
A maior parte (27%) das crianças ouvidas pela ONG disse que
estava nas ruas com medo de represálias do tráfico de drogas. O
segundo motivo mais lembrado
foi a violência nas favelas (24%).
A condição socioeconômica apareceu em terceiro lugar (17%).
A comparação com levantamentos de anos anteriores mostra
que a violência foi substituindo a
pobreza nos últimos 30 anos como principal motivo citado.
Segundo o Ibiss, nos anos 70
(não há um ano específico de referência), a pobreza foi citada por
48% das crianças como motivo
para estarem nas ruas, enquanto a
violência (nesse caso, só a violência doméstica) foi citada por 7%.
Nos levantamentos seguintes
(1988, 1994, 1998 e 2002), a citação
da pobreza diminuiu até chegar a
17%, no ano passado. No mesmo
período, a soma das respostas que
indicavam algum tipo de violência -do tráfico, nas favelas ou
doméstica- chegou a 66%.
A represália do tráfico de drogas
foi o motivo que mais cresceu de
1998 para 2002, passando de 4%
para 27% nesse período.
A comparação mostra também
uma tendência positiva de queda
no número de crianças e adolescentes nas ruas. Em 1988, eram
30,4 mil. Esse número passou para 23,2 mil em 1994, para 21,1 mil
em 1998 e para 12,5 mil em 2002.
O estudo mostra que 18,4% do
total não têm vínculo com a família. A maioria (54,4%) passa a
maior parte do tempo na rua, mas
mantém contato com a família;
27,2% fica nas ruas para ganhar
dinheiro, mas passa a maior parte
do tempo com familiares.
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