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URBANISMO
Para presidente de entidade do setor imobiliário, risco é fazer da ilegalidade ou da demolição opções mais atrativas
Taxas podem prejudicar anistia, diz Secovi
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A cobrança excessiva de taxas
para regularizar grandes empreendimentos da cidade -como prevê a lei de anistia aprovada
pela Câmara Municipal na última
quarta- poderá fazer os proprietários de imóveis preferirem a
clandestinidade. Cerca de 1 milhão de construções, segundo a
prefeitura, poderão ser anistiadas.
"Em alguns casos, poderá sair
mais barato demolir o que está irregular", afirmou, ontem, Romeu
Chap Chap, presidente do Secovi
(sindicato das imobiliárias e construtoras).
Chap Chap disse não ter estudado a fundo o impacto da taxa cobrada pela anistia aos grandes
empreendimentos. O exemplo do
prédio da Telefônica na avenida
Brigadeiro Faria Lima (oeste), citado pelo vereador Paulo Frange
(PTB), foi considerado "absurdo"
pelo presidente do Secovi.
O projeto do edifício de 16 andares foi aprovado na prefeitura tendo um pergolado (cobertura vazada e ajardinada) na cobertura.
Depois, o local foi fechado, virando mais um pavimento. Para regularizá-lo, o proprietário teria de
pagar entre R$ 500 e R$ 750 mil.
A lei de anistia, que espera agora
a sanção da prefeita Marta Suplicy
(PT) para entrar em vigor, propõe
a cobrança de outorga onerosa
para regularizar imóveis com
mais de 500 m2 de área.
Para calcular o valor a ser pago,
basta multiplicar o número de
metros quadrados irregulares pelo valor venal do metro quadrado
do terreno, informado no carnê
do IPTU. O resultado dessa conta
deve ser multiplicado por outro
fator -que varia de 0,3 a 0,6- de
acordo com a localização do imóvel. Quanto mais nobre for o bairro onde está, maior o coeficiente.
Por exemplo: um bufê infantil
no Tatuapé (zona leste) que tenha
se instalado em um sobrado de
400 m2 e feito uma obra de ampliação que elevasse a área construída para 700 m2 pagaria R$ 81
mil só de outorga onerosa.
Cálculo: R$ 450 (valor venal do
metro quadrado no Tatuapé)
multiplicado por 300 e novamente multiplicado por 0,6.
Além da outorga, os proprietários de imóveis com mais de 500
m2 têm de pagar ISS sobre a área
ampliada além de R$ 2,90 por metro quadrado irregular -no caso
do bufê hipotético, R$ 870.
Para imóveis que tenham sido
construídos pela Operação Urbana Faria Lima, como o da Telefônica, o fator de multiplicação é 1, e
não 0,6. Isso ocorre porque essas
edificações já haviam conseguido,
pelas regras da operação, a permissão para ter mais área construída do que a lei determina.
"É aquela velha história: quando se cobra demais, se paga de
menos", disse Chap Chap. "E olha
que a anistia já aumentará a arrecadação de IPTU", completou.
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